Evo Morales não consegue registrar candidatura e esquerda vai dividida para eleições na Bolívia

O ex-presidente da Bolívia Evo Morales não conseguiu viabilizar sua candidatura para as eleições presidenciais deste ano. O registro de candidaturas terminou nesta segunda-feira (19) e o grupo do líder cocalero não teve a inscrição de Evo aceita pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE). Agora, a esquerda boliviana está dividida entre o candidato do Movimento Al Socialismo (MAS), Eduardo del Castillo, e o senador Andrónico Rodríguez.

O grupo ligado ao ex-presidente criou o movimento Evo Pueblo e tentou inscrever-lo digitalmente pelo partido Ação Nacional Boliviana (Pan-bol). A lista de habilitados e inabilitados será divulgada somente em 6 de junho, mas a candidatura de Evo foi rejeitada pelo TSE porque, segundo o secretário da Câmara do TSE, Fernando Arteaga, a sigla não é reconhecida.

“O Evo Pueblo não é um partido com status legal válido, e o status legal do Pan-Bol foi revogado, então eles não podem registrar candidatos”, afirmou Arteaga. O registro do Pan-Bol foi revogado pelo TSE no começo de maio porque o grupo não recebeu mais de 3% dos votos nas eleições presidenciais de 2020. A Frente Para la Victoria (FPV) também teve seu registro revogado pelo mesmo motivo.

O Tribunal Constitucional Plurinacional da Bolívia (TCP) decretou, em dezembro de 2023, que presidentes e vice-presidentes só poderiam exercer o cargo por dois mandatos, de forma seguida ou não. Com a sentença judicial, Evo Morales, que foi presidente por três mandatos, não poderia voltar ao poder.

O candidato do MAS será o ex-ministro de governo Eduardo del Castillo. Ele assume o lugar do presidente, Luís Arce, que desistiu de se candidatar à reeleição. O mandatário disse que não quer ser um “fator de divisão popular” e pediu que Evo também evitasse a candidatura. Morales foi expulso do MAS em novembro do ano passado, perdendo a liderança da sigla após 25 anos. 

Mas o candidato que lidera as intenções de voto é Andrónico Rodríguez, líder cocalero de 36 anos que comandou movimentos sindicais e ganhou ainda mais projeção depois que Morales o citou em 2019 como nome capacitado para liderar o MAS. A sua candidatura, no entanto, também está sendo analisada pelo TSE. Ele pretendia se candidatar pelo MAS, mas foi registrado pela Alianza Popular. Isso porque um tribunal do estado de Beni entrou com uma medida cautelar para avaliar sua candidatura.

A acusação pede uma avaliação do Movimento do Terceiro Sistema (MTS), ao qual a Alianza Popular faz parte. A Justiça afirma que o MTS não renovou sua diretoria no prazo estipulado. A candidatura de Andrónico pela coalizão será avaliada nesta quarta-feira (21).

Candidatos da direita

Desde o golpe de Estado contra Evo Morales em 2019, a direita boliviana perdeu força de articulação e não conseguiu definir um nome forte. A Unidade Aliança hoje se consolida como o principal bloco opositor. Sua chapa será composta pelo empresário Samuel Doria Medina e o ex-funcionário do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) José Luis Lupo.

Outro que terá candidatura é o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, que disputou pela Aliança Libre, ao lado do empresário Juan Pablo Velasco. Na última pesquisa apresentada pelo instituto Red Uno, Andrónico liderava com 18% das intenções de voto e era seguido justamente por Doria e Quiroga. 

Outros grupos menos populares também apresentaram candidaturas próprias, como o Partido Democrata Cristão (PDC), o Movimento de Renovação Nacional (Morena), a Nova Geração Patriótica (NGP), a APB-Súmate e as alianças Libertad y Progreso (ADN) e Fuerza del Pueblo.

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