Hoje, Voz da Inclusão publica a segunda parte da entrevista com a nutricionista Joice Mazzini, que utiliza a nutrição no tratamento do TEA. Você pode encontrá-la no Instagram e no Youtube.
Nessa segunda parte, Joice fala sobre impactos no desenvolvimento cognitivo e emocional de crianças com TEA, como iniciar uma dieta restritiva de maneira correta, e como integrar a nutrição ao tratamento multidisciplinar.
1. Como uma alimentação balanceada pode impactar o desenvolvimento cognitivo e emocional de crianças com TEA?
Uma dieta nutritiva pode:
* Apoiar a maturação cerebral e a sinaptogênese, graças a nutrientes como ferro, B12, colina, ômega-3 e zinco.
* Reduzir a inflamação sistêmica e cerebral, favorecendo a regulação emocional.
* Melhorar o padrão de sono, essencial para o aprendizado e a memória.
* Aumentar a produção de neurotransmissores, como serotonina e dopamina, influenciando o humor e o comportamento.
2. Quais cuidados uma família deve ter antes de iniciar dietas restritivas, como a isenta de glúten e caseína, em indivíduos com TEA?
Antes de adotar dietas como a sem glúten e caseína, é fundamental:
* Avaliação médica e nutricional completa, para investigar alergias, intolerâncias ou doença celíaca.
* Monitoramento do crescimento, ingestão calórica e equilíbrio de nutrientes.
* Substituições adequadas para evitar novas deficiências (por exemplo: cálcio e proteínas ao retirar o leite), com o auxílio da nutrição funcional.
* Adotar abordagem gradual e supervisionada, com avaliação de respostas clínicas (comportamentais, gastrointestinais e nutricionais).
No entanto, dietas isentas desses dois componentes auxiliam em muitos aspectos do TEA. Diariamente, observo resultados extraordinários com a retirada desses compostos. Com substituições inteligentes e funcionais, o indivíduo com TEA só tem a ganhar ao realizar essas exclusões.
3. De que forma o acompanhamento nutricional pode ser integrado a uma equipe multidisciplinar no cuidado com o autista?
O nutricionista pode atuar em conjunto com:
* Médico pediatra ou neurologista, para alinhar intervenções com o quadro clínico geral.
* Gastroenterologista, nos casos com distúrbios gastrointestinais.
* Terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo, para trabalhar seletividade e dificuldades motoras orais.
* Psicólogo e terapeuta comportamental, para suporte na introdução de novos alimentos.
* Escola e cuidadores, para reforçar práticas em diversos contextos.
A nutrição é uma ferramenta essencial no aspecto fisiológico de cada indivíduo, especialmente nos casos de TEA, pois já se sabe que esses indivíduos podem apresentar implicações biológicas que são observadas e tratadas com a nutrição e suplementação adequadas. Utilizar um olhar integrativo — holístico, e não fragmentado — faz toda a diferença. Uma nutricionista capacitada no tratamento do TEA pode desempenhar um papel essencial nessa equipe. A abordagem multidisciplinar garante segurança, personalização e eficácia das intervenções nutricionais.