Em média, a cada 12 a 18 meses, as indústrias do setor de papel e celulose realizam Paradas Gerais em suas unidades fabris, procedimento previsto na Norma Regulamentadora nº 13 (NR13). Para além de uma obrigação técnica, uma Parada Geral (PG) representa um momento essencial em uma fábrica para que os resultados de produtividade, integridade dos equipamentos e, consequentemente, competitividade sejam alcançados.
De acordo com Marcelo Martins, gerente geral industrial da Eldorado Brasil Celulose, quando uma PG é finalizada, a próxima começa a ser pensada, mesmo que o planejamento mais intenso ocorra cerca de sete ou oito meses antes da execução.
O planejamento prévio e o roteiro completo buscam evitar gargalos. “Questões de peças, muitas delas bem específicas para máquinas do setor e algumas importadas, além de mão de obra especializada são sempre grandes desafios, mas fazemos de tudo para evitar qualquer contratempo. A antecedência nos permite elaborar planos de ações para que tudo aconteça com previsibilidade”, afirma o gerente. Dessa forma, os percalços já estão mapeados e os anos de operação lhes fornece uma boa base para evitar surpresas.
“É uma operação grande, que desafia toda a empresa e, sobretudo, a área industrial. São mais de 4 mil atividades previstas em uma PG e cada um sabe o seu papel. Temos um cronograma completo e extenso que prevê exatamente tudo o que precisa ser feito, quem fará, em que ordem e o que se espera após o serviço”, explica o executivo.
A última Parada Geral da Eldorado foi realizada em julho de 2024.
FORNECEDORES PARCEIROS
A dimensão de uma PG exige que muitas pessoas sejam envolvidas para executar as diversas atividades previstas. Nesse sentido, a indústria conta com fornecedores estratégicos que auxiliam no bom andamento do cronograma e uma execução de qualidade da manutenção.
“Realizamos Parada Geral desde 2013 e, para algumas atividades, seguimos com os mesmos fornecedores há vários anos, são times que já conhecem a empresa e nossa indústria. Mas colocar novos prestadores neste circuito também faz parte da logística”, comenta Martins.
O gerente complementa: “Buscamos sempre os melhores fornecedores, com reconhecimento no mercado e que possam nos atender naquilo que precisamos, olhando sempre a excelência a fim de otimizar ao máximo o período em que paramos a produção. Atualmente, contratamos mais de 120 empresas em cada PG”.
Entre os fornecedores de longa data e os novos, o processo de orientação e treinamento é o mesmo para todos, conforme indica Marcelo: “Repassamos todas as políticas de segurança da Eldorado, que devem ser seguidas por todos enquanto estiverem nas dependências da empresa”.
“Segurança, para nós, é uma questão inegociável em todas as áreas da empresa e isso inclui terceiros que eventualmente prestem serviços nas dependências da companhia. A parada geral, de forma mais ampla, tem uma coordenação da área industrial da Eldorado com apoio de outras áreas e equipes, incluindo a contratação de fornecedores”, acrescenta o executivo.
Os protocolos são os mesmos que Eldorado adota no dia a dia da operação e a equipe própria da empresa faz toda a supervisão dos parceiros que farão os serviços de manutenção. O ritmo das atividades e o cumprimento rigoroso das normas de segurança são definidos e monitorados pelas lideranças da companhia, que mantêm uma supervisão contínua, 24 horas por dia, durante todo o período da parada.

BENEFÍCIOS PARA A ECONOMIA REGIONAL E CUIDADOS AMBIENTAIS
Além dos benefícios para a empresa, uma PG movimenta a economia local de onde é realizada, trazendo milhares de pessoas a cidades vizinhas durante cerca de 12 dias, gerando emprego, renda, movimentando rede hoteleira, de transportes e restaurantes.
“Há aspectos sociais e ambientais relevantes a serem destacados também. Por exemplo: a Eldorado prioriza a contratação de mão de obra local sempre que disponível. A empresa também faz um monitoramento rigoroso em razão do acréscimo de pessoas na fábrica, na cidade e na região durante o período da Parada Geral e isso inclui, entre outras ações, cuidados em razão do aumento de fluxo de veículos nas estradas e orientações sobre a presença de animais silvestres”, explica Martins.
Adicionalmente, segundo Marcelo, seguir à risca todas as normas ambientais é uma premissa na Eldorado, em todas as áreas da empresa e em todos os momentos – na PG, isso não é diferente. “Tudo o que envolve eventual descarte de resíduos e gestão de odores segue estritamente as normas regulamentares dos órgãos ambientais, algo que já está internalizado na operação da empresa. Novamente, as orientações são repassadas às equipes dos parceiros que atuam conosco durante a parada e as equipes próprias nos ajudam nesse cumprimento”, elucida o gerente.
TECNOLOGIA A FAVOR DA PARADA GERAL
A Eldorado vê as Paradas Gerais de manutenção como um investimento e um momento importante para a empresa. “É a oportunidade de fazer grandes manutenções e revisar todos os equipamentos, garantindo nossa eficiência operacional e implantando melhorias nos equipamentos e processos”, diz Marcelo Martins.
Nesse sentido, a cada ano, a empresa tem novos recursos para vários processos e a tecnologia é uma aliada. “A digitalização de processos e a gestão integrada de informações sobre os equipamentos da fábrica já nos ajudam muito no momento de realizar a manutenção”, comenta o executivo. Os equipamentos utilizados pela Eldorado são altamente tecnológicos e produzem uma série de dados, por meio de sensores, que nos dão uma base de informações prévias muito significativa. “Hoje, consideramos que já temos paradas gerais eficientes, mas os avanços tecnológicos podem nos ajudar a torná-las ainda melhores e estamos sempre de olho nisso”, completa.
Ao final de cada parada é gerado um grande relatório, levantando os principais pontos, como os equipamentos que passaram por manutenção, o que foi feito dentro da própria fábrica e o que precisou ser enviado para parceiros externos, entre vários outros pontos. Também é observado cada equipamento para avaliar se ele pode operar mais 18 meses com qualidade e eficiência – caso contrário, será substituído.
O retorno da operação da fábrica também é um desafio e exige muita atenção de todos os envolvidos. “Precisamos, por exemplo, drenar tanques e esfriar equipamentos”, explica o executivo.
Na Parada Geral de 2024 da Eldorado, foram investidos R$ 108 milhões. “Otimizar custos é sempre válido, mas acima disso está a realização de todo o trabalho com qualidade e segurança, garantindo a continuidade da produção da fábrica pelos 18 meses seguintes e mantendo os altos níveis de produção que temos conseguido alcançar nos últimos anos”, conclui o gerente.
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