Rio Juruá sobe mais de meio metro em dois dias e se aproxima da cota de transbordo em Cruzeiro do Sul

Cinco bairros estão em risco de serem atingidos pelas águas em caso de transbordamento, e moradores já começam a deixar as casas para evitar prejuízos. Cinco bairros estão em risco de serem atingidos em caso de transbordamento do Rio Juruá em Cruzeiro do Sul
Reprodução/Rede Amazônica Acre
O Rio Juruá subiu mais de meio metro nas últimas 48 horas em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, e está a dois centímetros da cota de transbordamento, segundo a Defesa Civil do município. Na manhã desta quarta-feira (28), o nível chegou a 12,98 metros, próximo da cota de 13 metros.
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Entre a segunda-feira (26) e a terça-feira (27), o rio registrou um crescimento de 40 centímetros no nível. De acordo com o monitoramento da Defesa Civil, cinco bairros estão em risco de serem atingidos pelas águas.
Um desses locais é o Bairro da Lagoa, onde a dona de casa Maria de Jesus mora. O temor dela é por conta de uma erosão que ocorre no local, e, por isso, solicitou apoio da Defesa Civil.
“O barranco está quebrando, ali já está descendo. E eu fico preocupada com os meninos, porque um já caiu ali”, relata.
Para ser retirada de casa, os moradores precisam passar por uma vistoria, segundo o coordenador do órgão, José Lima.
“Se houver necessidade dessa família ser removida, a gente já vai acionar a assistência social para o pagamento do aluguel, e deixar essa família em segurança”, acrescenta o coordenador.
No caso de Maria, a vistoria feita pelos técnicos e pelo Corpo de Bombeiros detectou que a casa tem risco mínimo. Porém, na casa moram uma criança autista e outra que possui deficiência. A preocupação com as crianças foi o que levou dona de casa recorrer à vistoria.
“Às vezes, ele também pode ter crises de asma, e tirá-lo daqui à noite é muito difícil”, conta Maria.
Em meio ao aumento do nível do Rio Juruá, a Defesa Civil do município já admite o cenário de transbordamento para os próximos dias.
“Enquanto continua enchendo, Porto Walter também. Essa enchente demora a parar por aqui, porque continua chovendo, e os afluentes continuam subindo. Vamos ultrapassar, com certeza, nessa quarta-feira, a cota de transbordo, e esperar o que acontece”, finaliza.
Nível do rio em Cruzeiro do Sul se aproxima da cota de transbordo
Situação em Porto Walter
Pelo menos 10 famílias já precisaram sair de suas casas no município de Porto Walter
Prefeitura de Porto Walter
A cheia do Rio Juruá provocou perdas na produção agrícola, interrompeu a pesca e levou 10 famílias a deixarem suas casas em Porto Walter, no interior do Acre. De acordo com a prefeitura do município, já são mil famílias afetadas de alguma forma pela enchente. Além disso, pelo menos uma casa foi destruída por conta da correnteza.
Na medição das 6h desta terça-feira (27), o rio marcou 10,78 metros, acima da cota de transbordamento, que é de 10,70 metros. Escolas do município estão sendo utilizadas como abrigos.
“Estamos diante de uma situação lastimável, um morador perdeu sua casa, e outras centenas de famílias atingidas. Vamos socorrer quem precisar, levando ações e estendendo a mão amiga da Prefeitura nesse momento difícil. Ninguém solta a mão de ninguém”, disse o prefeito.
Na medição das 18h de segunda-feira (26), o nível do rio estava em 10,58 metros, o que representa um aumento de dois metros em 12 horas.
Mil famílias já foram afetadas pela cheia do Rio Juruá em Porto Walter
Prefeitura de Porto Walter
Em todo o estado, mais de 11,5 mil pessoas estão fora de casa, dentre desabrigados e desalojados, segundo a última atualização nesta terça (27). Além disto, 17 das 22 cidades acreanas estão em situação de emergência por conta do transbordo de rios e igarapés. Ao menos 23 comunidades indígenas no interior do Acre também sofrem com os efeitos das enchentes.
Em todo o estado, segundo o governo, 7.710 produtores rurais já foram afetados pelas enchentes.
Acre decreta situação de emergência em 17 das 22 cidades acreanas por conta da cheia dos rios no estado
g1
Manoel Coelho, coordenador da Defesa Civil de Porto Walter, ressalta que o monitoramento do rio e a assistência às famílias afetadas vão continuar.
“Estaremos de prontidão, e diante dos danos causados vamos buscar minimizar os impactos e ajudar quem precisa”, acrescenta Manoel Coelho.