Falsa médica presa em Manaus se passava por especialista em crianças cardiopatas em podcast; VÍDEOS


De acordo com as investigações, Sophia Livas usava podcasts como plataforma para se apresentar como especialista, entrevistando profissionais da área médica e discutindo temas relacionados à saúde infantil, especialmente cardiologia pediátrica. Falsa médica em Manaus se passou por especialista em podcast sobre saúde
A educadora física Sophia Livas de Morais Almeida, de 32 anos, suspeita de atuar como falsa médica em Manaus, se apresentava como especialista em cardiologia pediátrica em um podcast sobre saúde. Ela foi presa nesta segunda-feira (19), durante a Operação Azoth da Polícia Civil do Amazonas.
Segundo a polícia, Sophia participava de um programa semanal em uma plataforma de vídeos, onde entrevistava médicos e outros profissionais da área. Os episódios tratavam de temas ligados à saúde, com foco especial no público infantil.
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O g1 obteve dois trechos de episódios do canal, que foi retirado do ar após a operação, assim como as redes sociais da suspeita.
Em uma das gravações, publicada no dia 27 de janeiro de 2025, Sophia debate o tema “Desafios das famílias de crianças com cardiopatia”.
Durante a gravação, ela se apresentou como especialista e chegou a fazer sugestões ao poder público. No discurso, pediu reconhecimento da gravidade da doença e criação de políticas de apoio. Assista ao vídeo no início desta reportagem.
“Reconhecer a cardiopatia como uma das más-formações que mais mata, criar um dia para isso, tanto no Poder Legislativo como no Executivo”, disse a suspeita no programa.
Em seguida, Sophia defendeu a criação de estruturas de apoio específicas em escolas públicas e no governo estadual.
“A partir disso, as escolas de prefeitura e Governo do Estado criarem núcleos de apoio à criança cardiopata. Por exemplo, uma secretaria no governo”.
No episódio, Sophia também argumentou que há um estigma em torno da condição, o que dificultaria a identificação e o acolhimento de quem vive com a doença.
“Às vezes, sem querer, tem pessoas cardiopatas inseridas no nosso dia a dia que têm medo de falar que são cardiopatas”, disse a falsa médica no podcast.
Em outro episódio do podcast, Sophia Livas também falou sobre cardiopatia e afirmou ter atuado como gestora de uma Unidade Básica de Saúde (UBS). No mesmo trecho, chegou a criticar profissionais da área. Assista abaixo.
“Eu fui gestora de uma UBS. Me chamava muito atenção a forma de como uma notícia era dada muitas vezes por um profissional que sequer sabia o que estava falando”, diz Sophia durante o podcast.
Após a repercussão da prisão, o canal do podcast e as redes sociais de Sophia foram desativados. Até a última atualização desta reportagem, o g1 não conseguiu localizar a defesa da suspeita.
Falsa médica em Manaus se passou por especialista em podcast sobre saúde
Prisão da falsa médica
A Polícia Civil informou que Sophia Livas é formada em Educação Física, mas atuava ilegalmente como médica especialista no tratamento de crianças cardiopatas. Ela realizava atendimentos em hospitais públicos, clínicas particulares e dava aulas como professora voluntária em faculdades de medicina em Manaus.
Durante as investigações, foi descoberto que ela obteve, dentro do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), o carimbo de uma médica verdadeira que compartilhava o mesmo primeiro nome. Com esse carimbo, Sophia passou a realizar consultas de forma independente.
Este é o segundo caso recente de falsos médicos atuando na cidade. No final de abril, Gabriel Ketzel da Silva, de 28 anos, foi preso por se passar por médico, após atuar ilegalmente por pelo menos dois anos, principalmente no atendimento a crianças.
As investigações sobre Sophia começaram há cerca de um mês, como desdobramento de uma operação do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP) que levou à prisão do falso médico anterior. Desde então, surgiram denúncias contra ela, que prestava atendimento a crianças com graves cardiopatias.
Em nota, o Hospital Universitário Getúlio Vargas informou que Sophia Livas nunca atuou como médica na unidade e não há registros de atendimentos feitos por ela. Segundo o hospital, ela foi aluna de mestrado na Universidade Federal do Amazonas como educadora física e, após concluir o curso, não mantém qualquer vínculo com a instituição.
O HUGV afirmou ainda que está à disposição da polícia para colaborar com as investigações.
Já o Conselho Regional de Medicina do Amazonas (Cremam) informou que, até o momento, não recebeu denúncia formal sobre a atuação de Sophia como falsa médica.
O órgão afirmou que, sempre que recebe indícios de exercício ilegal da medicina, repassa as informações às autoridades competentes. O Cremam também orienta que a população pode consultar a regularidade de médicos no site do Conselho Federal de Medicina.
A Justiça decretou a prisão preventiva de Sophia. Segundo a Polícia Civil, ela deve ser indiciada pelos seguintes crimes:
Falsa identidade
Falsidade ideológica
Exercício ilegal da medicina
Estelionato contra vulnerável
Falsidade material de atestado
Curandeirismo
Charlatanismo
Ela será encaminhada à audiência de custódia e ficará à disposição da Justiça para responder pelos delitos.
Sophia Livas de Morais Almeida
Reprodução
Sophia após suspostamente um plantão em uma unidade de saúde de Manaus
Reprodução/Redes Sociais
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