
Neste 19 de maio, quando se celebra o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal (Dll), o Portal Acorda Cidade conversou com o gastroenterologista Fábio Teixeira para falar sobre a importância dos cuidados com o sistema digestivo e os perigos do uso indiscriminado de medicamentos e produtos naturais que prometem alívio imediato, mas podem comprometer a saúde a longo prazo. A data integra a campanha Maio Roxo, dedicada à conscientização sobre as Dlls, como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, que afetam milhares de pessoas em todo o mundo.

“O intestino representa hoje a segunda maior incidência de câncer no nosso meio. O intestino é produtor de doenças, comuns no dia a dia. A constipação, que é a prisão de ventre, a diarreia, a síndrome do intestino irritável, as intolerâncias alimentares, o estufamento, que é aquela barriga cheia de gases. Se a gente puder falar cada vez mais sobre intestino, a gente vai poder melhorar a vida de nossa população”, afirmou Dr. Fábio, ao lembrar que o intestino não é apenas responsável por eliminar os resíduos do corpo, mas integra um importante parte do seu funcionamento para absorver nutrientes e manter um bom estado do sistema imunológico.
É correto automedicar se sentir algum tipo de desconforto no estômago?
De acordo com o médico, são muitos os perigos causados pelo uso indiscriminado de medicamentos como omeprazol, efervescentes e chás caseiros — práticas comuns que podem causar danos graves à saúde gastrointestinal. O uso inadequado, sem prescrição médica pode acarretar lesões, agravar sintomas ou até mesmo contribuir para o desenvolvimento de doenças mais sérias, como a cirrose ou o câncer de estômago.
Para ele, esse tem sido um dos principais problemas, porque as pessoas se automedicam, sem ter um diagnóstico correto do que realmente precisa.

“O grande detalhe dessas medicações é que elas precisam ser empregadas para aquela pessoa que precisa realmente. E um diagnóstico preciso traz um tratamento mais assertivo, então não é para a pessoa simplesmente achar que está no momento de tomar um ozol e ir para uma farmácia e tomar.”
Existem medicamentos que podem realmente aliviar a ressaca antes ou depois de beber?
Fábio também desmistificou o uso de produtos usados para amenizar a ressaca, como o Engov, comumente ingerido antes ou depois de consumir álcool. Segundo ele, ainda não há comprovação científica sobre sua eficácia, e o uso pode até incentivar o consumo excessivo de bebida.

“Infelizmente, o nosso velho engov não tem um trabalho consistente. Então, por enquanto, eu falo para você que é um mito. Não veja um benefício de se utilizar. E a gente, muitas vezes, quando não tem benefício, a gente não sabe o que ele pode trazer de consequências.[…] Peço a vocês, primeiro é beber com moderação somente numa atitude mais social com uma confraternização de famílias e amigos, mas segurar a bebida e não esperar que o engov vai ser a salvação”, afirmou ao Acorda Cidade.
Pode beber chás e efervescentes para combater a má digestão ou azia?
O médico foi objetivo quando fez o alerta para o uso sem prescrição de chás, sejam artificiais ou naturais, direto “do pé”. Ao Acorda Cidade ele revelou que tem pacientes que tomam até 2 litros de chá por dia, o que é totalmente incorreto e prejudicial para a saúde.

“Muitos pacientes que não estamos pegando hoje no consultório com lesões no fígado, podendo levar, inclusive, a cirrose pelo uso exacerbado, inapropriado de chás. Então hoje a gente convoca a população para revisitar isso. Não precisaria estar usando tantas coisas assim. É mais uma alimentação mais correta, mais séria e mais focada na qualidade de vida.”
Cuidado com a H. pylori
Outro ponto de atenção é a bactéria Helicobacter pylori, a H. pylori, presente em cerca de 70% da população brasileira. Sete a cada 10 pessoas têm a bactéria. Ela pode provocar dor, empachamento, náuseas e inflamações, podendo evoluir para câncer gástrico se não tratada corretamente.
“O grande detalhe é que essa transformação da mucosa pode levar a uma atrofia, pode levar a uma mudança da célula e pode chegar ao câncer. Então a gente convoca esse paciente que tem algum sintoma, venha para o gastro, faça sua endoscopia, pesquise a bactéria H. pylori e trate de forma correta a bactéria para evitar a longo prazo complicações que ela possa trazer”, alertou o médico.
Quais os principais cuidados com o intestino?
Fábio Teixeira ainda reforçou a necessidade de hábitos mais saudáveis para evitar qualquer problema com o intestino. São preventivas como alimentação equilibrada, hidratação, prática de exercícios físicos e o fundamental, visitas regulares (pelo menos uma vez ao ano) com o gastroenterologista. Confira:
- Equilibre as emoções: evite estresses desnecessários e se atente a sobrecarga mental pois pode afetar o estômago. Mantenha uma mente dinâmica, ativa, com boas energias para controlar a ansiedade e outros transtornos, afinal, o médico alerta que “o intestino é o segundo cérebro do corpo”.
- Alimentação balanceada: dê atenção as folhas, legumes, verduras, proteínas na medida certa. De preferência, evite os industrializados e ultraprocessados.
- Hidrate-se bem: ter uma alimentação rica em líquidos ou tomar pelo menos 2 litros de água durante o dia é imprescindível para a saúde.
- Pratique exercícios: segundo o médico, o “tubo digestivo responde maravilhosamente bem ao exercício”. A mobilidade do corpo afeta positivamente o desenvolvimento do trabalho intestinal.
- Visite o gastro: busque regularmente, um gastro, um proctologista ou um clínico para que ele possa avaliar sua saúde. Vale destacar que o exame de endoscopia, importante preventivo contra o câncer, é fundamental ser realizado rotineiramente a partir dos 45 anos.

“Porque com um suporte de anestesista você tem hoje um controle do coração, da respiração e o paciente não vê, não lembra, não sente nada. O intestino precisa ser avaliado a partir dos 45 anos para que a gente possa encontrar lesões e retirá-las, que são os pólipos, para prevenir o câncer de intestino. Então, o que eu posso falar para vocês é ouvir o Acorda Cidade, porque lá sempre vai ter uma boa dica de uma boa saúde digestiva e de um bom estar”, indicou o médico.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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