
Professores credenciados do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), em Feira de Santana, decidiram tornar pública, por meio de uma carta aberta, a situação crítica enfrentada pela categoria. Os docentes denunciam que estão sem receber pagamento pelos serviços prestados desde março de 2025, o que tem gerado insegurança, ansiedade e dificuldades financeiras. A paralisação das atividades está prevista para acontecer entre os dias 19 e 24 de maio.
De acordo com os professores, não há previsão clara de quitação dos valores atrasados, e o cenário tem se agravado com o passar dos anos. Além dos constantes atrasos, o grupo aponta que os valores pagos por aula praticamente não sofreram reajustes significativos nos últimos 10 anos — um aumento de apenas R$ 5, equivalente a 11,11%, desde 2014. O montante pago atualmente está abaixo do valor estipulado pelo sindicato dos artistas.
Outro ponto destacado pelos docentes é a precariedade da estrutura oferecida para as aulas e o acúmulo de funções. Segundo eles, muitas oficinas ocorrem sem as condições mínimas necessárias, o que prejudica tanto os profissionais quanto os alunos. A falta de valorização também tem levado à saída de professores qualificados e à extinção de oficinas tradicionais no Cuca.
Os profissionais reforçam que, apesar das adversidades, seguem abertos ao diálogo e esperam que suas reivindicações sejam ouvidas. “Queremos continuar fazendo o que amamos: educar através da arte. Mas isso só será possível com respeito, valorização e condições dignas de trabalho”, afirmam na carta.
A paralisação tem como objetivo chamar a atenção das autoridades e da sociedade para a urgência de medidas que garantam a dignidade dos educadores e a continuidade das atividades artísticas e culturais desenvolvidas pela instituição.
Confira a carta na íntegra:
Carta aberta sobre a situação dos professores do Cuca
Nós, professores(as) que atuamos no Cuca, sentimos a necessidade de tornar pública uma realidade que há tempos vem se agravando e que afeta diretamente não só a nossa qualidade de vida, mas também o trabalho que oferecemos com tanta dedicação.
Desde março de 2025, não recebemos nenhum pagamento pelos serviços prestados. Já estamos em maio, e até agora nenhum centavo foi repassado aos docentes. A ausência de uma previsão clara de pagamento tem gerado insegurança, ansiedade e dificuldades financeiras reais. Sabemos que trabalhar com educação e arte exige amor, mas é impossível sustentar esse trabalho sem o mínimo de estrutura e respeito às condições básicas.
Além dos atrasos constantes, o valor que recebemos por aula praticamente não sofreu reajustes desde 2014 — foram apenas R$5 (11,11%) de aumento ao longo de 10 anos (em 2024) depois de várias tentativas dos professores de conseguirem um reajuste justo, este mesmo que possui valor abaixo estipulado do sindicato dos artistas. Isso significa que, na prática, tivemos uma grande perda de poder aquisitivo. Enquanto o custo de vida só aumenta, nossos honorários permanecem praticamente congelados.
Também enfrentamos a falta de estrutura adequada e acúmulos de funções para o desempenho das nossas atividades enquanto corpo docente. Muitas vezes, não contamos com salas apropriadas, o que impacta não só a nós, mas também os alunos.
Sabemos que situações desafiadoras acontecem, mas acreditamos que é essencial haver diálogo, transparência e compromisso com os profissionais que fazem o Cuca acontecer todos os dias, em sala de aula.
Toda a situação acarreta na fuga de profissionais gabaritados que queiram atuar no Cuca. Além de não possuírem nenhum tipo de bonificação por serem especialistas, mestres e etc, impactando na extinção de oficinas que eram ofertadas ao longo dos anos.
Diante desse cenário, decidimos pela realização de uma paralisação na próxima semana (de 19 a 24 de maio), como forma de reivindicar nossos direitos e chamar atenção para a gravidade da situação.
Seguimos abertos ao diálogo e na esperança de que nossas vozes sejam ouvidas. Queremos continuar fazendo o que amamos: educar através da arte. Mas isso só será possível com respeito, valorização e condições dignas de trabalho.
Com respeito e esperança,
Professores(as) credenciados do Cuca
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