Você precisa cortar o glúten para emagrecer?

Glúten
Foto: Freepik

No dia 16 de maio é celebrado o Dia Mundial da Conscientização da Doença Celíaca, uma data importante para dar visibilidade a uma condição que afeta cerca de 1% da população mundial.

A doença celíaca é uma desordem autoimune que faz com que o organismo reaja negativamente ao glúten — uma proteína presente no trigo, na cevada e no centeio — provocando inflamação e danos no intestino delgado. O único tratamento possível, até hoje, é uma dieta isenta de glúten pelo resto da vida.

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Ao longo dos últimos anos, o glúten passou a ser visto como um grande vilão da alimentação, muitas vezes sem embasamento científico ou necessidade real. Cortar o glúten virou sinônimo de “comer limpo”, e há quem acredite que eliminar essa proteína da rotina alimentar seja uma maneira eficaz de perder peso. Mas será mesmo?

O glúten é um grande vilão?

Você não precisa cortar o glúten para emagrecer, a menos que tenha uma condição clínica que exija essa exclusão — como é o caso da doença celíaca, da alergia ao trigo ou da sensibilidade ao glúten não celíaca, que também exige diagnóstico adequado.

Para a maioria das pessoas, o glúten não representa risco à saúde e pode, sim, fazer parte de uma alimentação equilibrada e prazerosa.

Muitas pessoas relatam emagrecimento ao parar de consumir glúten, mas isso acontece não pela ausência da proteína em si, e sim porque ao cortar o glúten, a pessoa deixa de consumir uma série de produtos ultraprocessados — como bolos prontos, biscoitos recheados e fast food.

Ou seja, o que promoveu a perda de peso foi a mudança de padrão alimentar e não a exclusão do glúten isoladamente.

O efeito rebote de retirar o glúten

Retirar o glúten sem necessidade pode levar a um efeito rebote. Muitas versões de produtos “sem glúten” são altamente industrializadas, mais calóricas, pobres em fibras, com aditivos que dificultam a saciedade – além de serem muito mais caros.

A relação com a comida também pode ser afetada com essa restrição: quanto mais regras e restrições você coloca no prato sem motivo, maior a chance de desenvolver uma relação ansiosa com a alimentação, o que pode desencadear episódios de compulsão ou culpa alimentar.

Por isso, no Dia Mundial da Conscientização da Doença Celíaca, o convite é para que a gente fale não apenas sobre quem precisa cortar o glúten, mas também sobre quem não precisa — e ainda assim, está sendo convencido a fazer isso por modismos, dietas restritivas ou promessas rápidas de emagrecimento.

A exclusão de um alimento e a busca pelo corpo saudável

A busca por um corpo saudável não passa, necessariamente, pela exclusão de um alimento ou nutriente. Ela passa por escolhas conscientes, por escuta e entendimento do próprio corpo, por hábitos sustentáveis e, acima de tudo, por uma alimentação que te nutra, não que te sufoque.

Se você sente desconforto ao consumir alimentos com glúten, procure um nutricionista ou médico especializado para investigar com segurança. Mas se o glúten nunca te causou sintomas, talvez ele não seja o problema — e você não precise se privar do pãozinho quentinho ou da sua massa preferida.

Se você não tem diagnóstico de doença celíaca, de alergia ao trigo ou de sensibilidade ao glúten, o glúten não é o vilão da história. O verdadeiro vilão é o extremismo alimentar, que nos faz acreditar que o caminho da saúde está na exclusão. Quando, na verdade, ele está na inclusão de bons alimentos, de boas escolhas e mais equilíbrio.

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