
Dezessete familiares do narcotraficante Joaquín “El Chapo” Guzmán entraram legalmente nos Estados Unidos na última sexta-feira (9), pelo posto de San Ysidro, na fronteira entre Tijuana e San Diego, segundo informações confirmadas por autoridades mexicanas.
Entre os integrantes do grupo estão Griselda López Pérez, ex-esposa de El Chapo e mãe de Ovidio Guzmán, além de filhos, netos e outros parentes próximos.
O grupo foi recebido por agentes do FBI e do Serviço de Marshals sob o mecanismo migratório conhecido como parole, que permite a entrada legal por razões humanitárias ou outras exceções previstas em lei.
O secretário de Segurança do México, Omar García Harfuch, declarou que os familiares “não eram alvos de investigação ou de mandados de prisão em território mexicano”, o que permitiu a autorização para a travessia e facilitou a negociação com o governo norte-americano.
Ele afirmou ainda que a movimentação está vinculada a tratativas envolvendo Ovidio Guzmán, que está detido nos Estados Unidos desde 2023 e responde a acusações federais de tráfico de drogas e associação ao cartel de Sinaloa.
Ovidio foi quem pediu autorização aos EUA
De acordo com fontes ligadas ao Ministério da Segurança, Ovidio teria solicitado a entrada da família nos EUA como parte de um possível acordo de colaboração judicial com autoridades americanas.
“Esse tipo de procedimento pode estar relacionado a negociações em curso para uma confissão ou acordo de pena”, disse García Harfuch, em entrevista a jornalistas na Cidade do México.
A entrada dos familiares foi realizada em uma operação com segurança reforçada. Relatos apontam que havia a presença de atiradores de elite e que os parentes transportavam bagagens de alto valor e cerca de 70 mil dólares em espécie.
A operação é considerada atípica pelo volume de pessoas e pelo envolvimento simultâneo de autoridades dos dois países.
Posição da presidente do México

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou que seu governo foi informado após o ocorrido e que pediu à Procuradoria-Geral da República que oficie o Departamento de Justiça dos EUA para solicitar esclarecimentos formais.
“Não temos, até o momento, os detalhes da motivação ou das condições da entrada dessas pessoas no território norte-americano”, declarou Sheinbaum em pronunciamento em Guadalajara.
Ovidio Guzmán está preso em Chicago e tem audiência marcada para o dia 9 de julho. Conforme informaram autoridades americanas, ele é acusado de atuar como um dos principais líderes do Cartel de Sinaloa, com papel relevante na organização após a prisão de seu pai, em 2016.
A extradição de Ovidio foi autorizada pelo governo mexicano em setembro de 2023, após a recaptura em Culiacán, durante uma operação militar que resultou em confrontos e bloqueios nas ruas da cidade.