A Klabin reiterou na última quinta-feira, 8, que irá concentrar esforços na redução de seu endividamento pelos próximos 18 a 24 meses antes de entrar em um novo ciclo de investimentos.
“Seguimos na linha de desalavancagem, bastante seguros com o fluxo de caixa livre que geraremos nos próximos trimestres”, afirmou o diretor-geral da companhia, Cristiano Teixeira, durante teleconferência com analistas.
A empresa encerrou o mês de março com dívida líquida de R$ 30,4 bilhões, o que representa uma alavancagem de 3,9 vezes o Ebitda dos últimos 12 meses, em dólar. Questionado sobre o nível de alavancagem que permitiria novos aportes, Teixeira afirmou apenas que isso ocorrerá “quando a Klabin atingir de forma segura o cumprimento da política de endividamento”.
Sobre futuras apostas da companhia, Teixeira reforçou o interesse no mercado de fluff de fibra longa. “Acreditamos no prêmio da fibra longa e estamos preparados para quando for a hora”, disse.
IMPACTOS DAS TARIFAS DOS EUA
O executivo também comentou os desdobramentos da política tarifária do presidente norte-americano Donald Trump, destacando impactos distintos sobre os negócios de celulose da Klabin. “A China deve apresentar alguma dificuldade de exportação de celulose de fibra curta para os EUA. A grande pergunta é se o mercado chinês vai consumir isso ou se vai ser exportado para outros países”, afirmou.
No caso da celulose de fibra longa, o cenário pode ser mais favorável, segundo Teixeira. “Qualquer fabricante de fibra longa no mundo acaba surgindo como uma alternativa para os produtores chineses, e o Brasil pode ser um dos beneficiados”, disse.
Já no segmento de papéis, o comportamento da economia americana é apontado como fator crucial. “Se os EUA entrar em recessão, isso pode se reverter em maior exportação de kraftliner em mercados alternativos à China”, observou. A Klabin, por ora, adota uma visão neutra para esse mercado no segundo trimestre, devido à falta de clareza sobre os impactos das medidas comerciais.

FLUFF EM ALTA E PREÇOS SUSTENTADOS
Ainda durante a conferência, a Klabin destacou que a guerra comercial entre Estados Unidos e China impulsionou a demanda por fluff de produtores fora da América do Norte, incluindo o Brasil.
“A América do Norte é responsável por 80% da produção de fluff mundial. Na medida em que o país é taxado, outros mercados passam a ser demandados”, explicou Alexandre Nicolini, diretor de celulose da Klabin.
Segundo ele, fabricantes de produtos de higiene têm buscado alternativas, o que vem se refletindo em reajustes de preços. “Esse efeito teve início em meados de 2024 e até abril a tendência segue positiva”, afirmou. Ele estima que o reflexo nos resultados da empresa ocorrerá a partir do segundo trimestre, por conta do giro de estoques mais antigos.
Ao ser questionado sobre as expectativas de preço para a revenda de celulose de fibra longa, Nicolini foi direto: “Não enxergamos uma queda mais abrupta em relação aos US$ 500 por tonelada atualmente”. Para ele, esse patamar já pressiona margens de produtores nórdicos e canadenses e pode levar ao fechamento de capacidade caso novas quedas ocorram.
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