
A política do Federal Reserve tem falhado em permitir que os ciclos econômicos ocorram com seus ajustes naturais — incluindo recessões. É o que afirma Tomás Awad, sócio e CIO da 3R Investimentos. Em entrevista à BM&C News, ele questionou se a autoridade monetária dos Estados Unidos terá, de fato, coragem para iniciar cortes nos juros ainda em 2025 sem comprometer a estabilidade futura da economia. “Recessão faz parte do ciclo. Quebrar empresas mal estruturadas, deixar o desemprego subir um pouco, tudo isso faz parte do ajuste necessário. O Fed evita isso a todo custo há mais de uma década, e isso distorce o mercado”, declarou.
Awad foi enfático ao afirmar que, desde a crise de 2008, o Federal Reserve tem agido como um garantidor de riscos excessivos. “Quem toma risco errado sabe que o Fed vai jogar uma boia de salvação. Isso gera incentivos ruins, porque empresas e agentes de mercado passam a contar com socorro mesmo quando erram feio. É um comportamento que afeta negativamente a economia no médio e longo prazo”, avaliou.
Corte de juros ainda em 2025? “Não sabemos se o Fed terá coragem”
Apesar de parte do mercado apostar em cortes nos juros básicos americanos já no segundo semestre de 2025, Awad se mantém cético quanto à postura do Fed. “Essa é a maior dúvida que temos hoje sobre o cenário internacional. A pergunta não é apenas se a inflação vai permitir, mas se o Fed vai ter coragem de agir da forma correta, sem tentar salvar todo mundo de novo”, disse.
Para ele, permitir uma recessão moderada poderia ajudar a limpar excessos acumulados ao longo dos últimos anos, especialmente após a expansão monetária intensa durante a pandemia. “A economia precisa passar por ajustes, e empresas mal posicionadas têm que sair do jogo para abrir espaço para quem fez o trabalho bem feito. Isso é o que renova o sistema produtivo. Mas o Fed parece não querer pagar esse preço político”, afirmou.
Awad também levantou a hipótese de um possível desalinhamento entre o banco central americano e o governo. Segundo ele, se houver um antagonismo entre as duas instituições, talvez o Fed tenha mais liberdade para agir com independência, o que poderia abrir caminho para uma condução monetária mais técnica. “É cedo para saber, mas esse distanciamento pode ser um sinal positivo”, concluiu.
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