
Em entrevista ao programa BM&C News, o especialista em análise macro Fabio Fares destacou os efeitos diretos da recente queda do petróleo sobre a economia americana e a percepção política do governo americano. Segundo ele, a redução do preço do combustível tem impacto imediato no cotidiano dos consumidores, especialmente em um país cuja mobilidade depende fortemente do carro particular.
“Eu abasteci o carro aqui por menos de 2 dólares o galão com desconto. Isso muda o humor do americano da noite para o dia”, afirmou Fares, que reside nos Estados Unidos.
A queda do petróleo, segundo o analista, influencia não apenas o custo do transporte, mas também os preços de alimentos e produtos nos supermercados, favorecendo uma sensação de alívio para as famílias americanas.
Inflação tende a ceder com preços mais baixos nos combustíveis
Fares explicou que o barril mais barato exerce pressão descendente sobre a inflação ao consumidor, o que deve ser percebido em breve nos indicadores oficiais. Ele lembrou que grande parte da cadeia de suprimentos depende de combustíveis fósseis, desde a produção até a distribuição.
“A meta agora é puxar a inflação para baixo, e um barril mais perto de 55 dólares do que de 65 ajuda muito nesse sentido”, observou.
Além disso, com a bolsa de valores em alta e os preços nas bombas recuando, a expectativa é de melhora nas pesquisas de confiança do consumidor. “A combinação de Wall Street subindo com gasolina caindo deve influenciar positivamente a popularidade do governo”, acrescentou.
Produção interna fica pressionada com petróleo abaixo de 60 dólares
Apesar dos efeitos positivos para o consumidor e para a inflação, o especialista chamou a atenção para um possível ponto de desequilíbrio: a rentabilidade da produção doméstica. De acordo com Fares, um petróleo abaixo de US$ 60 o barril torna a extração menos viável para boa parte dos produtores nos Estados Unidos.
“Petróleo abaixo de 60 dólares não fecha a conta para o produtor americano. E além disso, está tudo muito sucateado. O governo não investiu em infraestrutura para petróleo e gás nos últimos anos”, alertou.
Essa limitação pode restringir a capacidade de resposta do país em caso de reversão no movimento de queda, limitando a autonomia energética dos EUA no médio prazo.
O papel da Arábia Saudita e o fator sazonal nos preços
Fares também analisou o papel da Opep+ e da Arábia Saudita neste novo ciclo de queda nos preços. Segundo ele, os países produtores conseguem, neste momento, manter o barril em níveis mais baixos por razões estratégicas e sazonais, mas não devem sustentar essa condição indefinidamente.
“É uma janela. A Arábia Saudita está deixando o preço cair, a Opep+ também não segurou, mas é sazonal. Isso não deve durar muito tempo”, afirmou.
Ainda assim, esse movimento proporciona um alívio pontual à economia global, especialmente aos países importadores de energia, como é o caso da Europa, da Índia e do próprio Brasil.
Impacto político: popularidade pode subir com alívio no bolso
A avaliação de Fábio Fares é que, mesmo que o governo americano não tenha tido participação direta na queda do petróleo, ele será beneficiado politicamente pelos efeitos sobre o humor do eleitorado. “A gasolina barata, somada ao bom momento da bolsa, melhora a percepção sobre o governo num ano-chave para a política americana”, avaliou.
Com o consumo mais confiante e a inflação potencialmente desacelerando, os indicadores econômicos podem reforçar a posição da Casa Branca nos próximos meses, especialmente à medida que as eleições se aproximam.
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