
Por que algumas nações prosperam enquanto outras permanecem estagnadas? Essa é a questão central para entender o sucesso econômico e social ao longo da história. A resposta parece estar intrinsecamente ligada às virtudes que moldaram o Ocidente e que ainda hoje sustentam as bases de sociedades prósperas: liberdade e responsabilidade individual.
O desenvolvimento do Ocidente não foi um acaso. Ele resultou de séculos de evolução moral, cultural e política, profundamente influenciada pela tradição judaico-cristã e pelo Iluminismo. Esses dois pilares criaram uma base ética e jurídica que favoreceu o respeito à propriedade privada, o estado de direito e a liberdade de mercado.
Essas virtudes são as forças motrizes por trás do progresso. Como Ayn Rand destacou em A Revolta de Atlas, o indivíduo é o principal agente da criação de riqueza. Sociedades que sufocam a liberdade de escolha — seja por intervenção estatal ou por estruturas autoritárias — acabam por restringir as interações espontâneas e consequentemente a inovação e o desenvolvimento.
Nesse sentido, as instituições desempenham um papel determinante no destino das nações. Quando são inclusivas, criam incentivos para inovação, proteção à propriedade privada, e oportunidades econômicas amplas, promovendo o crescimento, prosperidade e estimulam o empreendedorismo. Por outro lado, instituições extrativistas, capturadas por elites ou configuradas para perpetuar desigualdades, normalmente em Estados Autoritários e/ou com ideal de planejamento central, conduzem ao subdesenvolvimento e estagnação, como argumentam Acemoglu e Robinson em “Por Que as Nações Fracassam”.
O Ocidente conseguiu equilibrar liberdade e responsabilidade. Essa combinação incentivou o avanço tecnológico, a Revolução Industrial e a criação de mercados globais. Mas é preciso lembrar que tais conquistas se apoiaram em valores como a tradição, a ética do trabalho, a visão de longo prazo e a coragem para assumir riscos.
Hoje, as virtudes que construíram o Ocidente enfrentam desafios crescentes. Ideologias coletivistas e promessas de igualdade, que interferem na liberdade ameaçam os fundamentos que sustentam a prosperidade. Uma dessas ideologias emerge na forma da chamada “cultura woke“, uma nova ameaça às virtudes que sustentam o Ocidente.
Originalmente centrada na conscientização sobre “injustiças sociais”, a “cultura woke” evoluiu para um ambiente onde o debate saudável é frequentemente substituído pelo cancelamento, e a liberdade de expressão, um dos pilares fundamentais da prosperidade ocidental, é sufocada em nome de uma suposta correção moral.
Esse fenômeno amplifica a polarização e cria zonas de pensamento único, uma vez que discordar de narrativas dominantes pode resultar em ostracismo ou punições públicas. Essa dinâmica não apenas enfraquece os fundamentos da sociedade, mas mina o que transformou o Ocidente em um modelo de desenvolvimento: a liberdade, de falar, pensar e agir.
Ao restringir o discurso e o debate, comprometemos não apenas a pluralidade de ideias, mas também a inovação, que é inseparável da liberdade de pensamento e questionamento do status quo. Para superar esse desafio, é imperativo restaurar um ambiente em que o confronto de ideias seja visto como uma virtude, e não como uma ameaça.
O legado do Ocidente não é um dado, mas um projeto contínuo. O futuro será daqueles que souberem defendê-lo, e isso começa com a coragem de confrontar as ameaças à liberdade que surgem em nome de causas que, paradoxalmente, alegam promovê-la.