
Durante entrevista ao programa BM&C News, a economista-chefe da B.Side, Helena Veronese, afirmou que a desancoragem das expectativas de inflação continua sendo o principal entrave para a condução da política monetária no Brasil. Segundo ela, mesmo com sinais de arrefecimento da atividade econômica, a falta de confiança na trajetória fiscal limita o espaço para cortes mais agressivos na taxa Selic.
“Enquanto a política monetária caminha em uma direção e a política fiscal vai para outra, o mercado mantém a percepção de que o risco inflacionário persiste”, destacou Veronese. Para a economista, o aumento de gastos públicos gera pressões sobre o câmbio, elevando a inflação e reforçando a desancoragem das expectativas.
Alta dos juros não neutraliza desconfiança do mercado
Helena Veronese explicou que, mesmo com taxas de juros elevadas, o Banco Central tem pouco poder para ancorar as expectativas se o governo não apresentar sinais mais claros de controle fiscal. “Não adianta o Banco Central subir juros se o mercado não enxerga firmeza nas contas públicas”, afirmou.
Segundo ela, o recente discurso do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, está alinhado ao tom observado entre dirigentes da autoridade monetária durante a reunião do FMI, reforçando a necessidade de cautela. “A mensagem foi de que há um ‘delay’ no efeito da política monetária, e que juros mais altos ainda podem impactar a inflação para baixo“, acrescentou.
Política monetária e a atividade econômica
Apesar da preocupação com o fiscal, Veronese avaliou que o cenário base ainda aponta para uma desaceleração da atividade econômica, o que pode abrir espaço para a discussão sobre cortes de juros.
“Dado o enfraquecimento da atividade e a tendência de queda na inflação, o Banco Central pode encerrar o ciclo de alta na próxima reunião e iniciar o debate sobre redução da Selic, seja ainda este ano ou no começo do ano que vem“, projetou a economista.
Ela, no entanto, ponderou que o Banco Central deverá agir com parcimônia, monitorando atentamente os dados de inflação e as expectativas do mercado. “Mesmo que as expectativas permaneçam desancoradas, uma desaceleração consistente da atividade pode permitir a transição para uma política monetária menos restritiva“, concluiu.
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