Diretor adjunto da Abin é demitido após PF afirmar que a agência prejudicou investigações


O governo decidiu fazer mudanças na cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e demitiu o diretor adjunto da agência, Alessandro Moretti.
Alessandro Moretti era diretor adjunto da Abin.
Luiz Silveira/ Agência CNJ
A troca acontece após mais uma fase da operação da Polícia Federal que investiga a suposta espionagem ilegal pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Depois da ação, o ministro relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, levantou o sigilo da decisão que autorizou as ações e revelou as afirmações da PF sobre a atuação da cúpula da agência nomeada pelo presidente Lula.
Moretti será substituído por Marco Cepik, que hoje comanda a Escola de Inteligência da Abin. Cepik é cientista político e já foi diretor-executivo do Centro de Estudos Internacionais sobre Governo (CEGOV) em Porto Alegre (RS). Há expectativa de que outros sete departamentos da agência passem por mudanças.
‘Possível conluio’
No inquérito, a PF afirmou que integrantes da atual cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) interferiram e até prejudicaram as investigações ao dificultar o acesso a dados.
“A preocupação de ‘exposição de documentos’ para segurança das operações de ‘inteligência’, em verdade, é o temor da progressão das investigações com a exposição das verdadeiras ações praticadas na estrutura paralela, anteriormente, existente na Abin”, diz relatório da PF enviado ao STF.
Para a PF, há inclusive um possível “conluio” entre os investigados da gestão anterior da agência com os integrantes da atual gestão, “cujo resultado causou prejuízo para a presente investigação, para os investigados e para a própria instituição”, completa o documento.
Em nota divulgada após as críticas do relatório da PF se tornarem públicas, a Abin afirmou que contribui com as investigações.
“Tem 10 meses que a atual gestão vem contribuindo com os inquéritos da PF e STF. A Abin é a maior interessada em esclarecer eventuais ilícitos e vai continuar colaborando com as investigações”, afirmou a agência.
A revelação tornou a situação de Moretti insustentável e o entorno do presidente passou a discutir a extensão das mudanças a serem feitas na cúpula da agência.
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