
A Vale divulgou, na última quinta-feira (24), seus resultados financeiros referentes ao primeiro trimestre de 2025, mostrando desempenho em linha com as expectativas do mercado. A mineradora reportou um lucro líquido de US$ 1,4 bilhão no período, uma queda de 17% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, refletindo a combinação de menor Ebitda, maiores impostos sobre ativos de energia e efeitos cambiais.
Produção e Vendas: impactos sazonais
Em seu relatório de produção divulgado em 15 de abril, a Vale já havia alertado para o impacto sazonal das chuvas, que tradicionalmente afeta suas operações no primeiro trimestre de cada ano. A produção de minério de ferro atingiu 67,7 milhões de toneladas, retração de 4,5% na comparação anual, enquanto as vendas de minério de ferro somaram 66,1 milhões de toneladas, alta de 4% sobre o 1T24, indicando um movimento de redução parcial de estoques estratégicos.
Em pelotas, a produção e as vendas recuaram 15% e 19%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado. Já os preços médios de minério de ferro e pelotas apresentaram queda de US$ 2,2 por tonelada, impactados pela redução dos prêmios no mercado internacional.
Nos segmentos de cobre e níquel, a companhia registrou crescimento tanto na produção quanto nas vendas, alinhada à sua estratégia de expansão em metais associados à transição energética.
Resultados financeiros pressionados por preços menores
As vendas líquidas da Vale somaram US$ 8,1 bilhões no 1T25, recuo de 4% frente ao 1T24, enquanto o Ebitda Ajustado ficou em US$ 3,1 bilhões, queda de 9% na comparação anual. De acordo com o relatório, os maiores volumes vendidos e a redução dos custos unitários de produção ajudaram a compensar parcialmente o impacto dos preços mais baixos do minério de ferro e do níquel.
O resultado financeiro foi positivamente influenciado pela valorização do real frente ao dólar, gerando ganhos em operações de hedge. No entanto, o impacto negativo dos impostos sobre ativos de energia vendidos comprometeu parte do desempenho.
Teleconferência: foco em custos, guidance mantido e cenário de incerteza
Durante a teleconferência realizada nesta sexta-feira (25), a Vale destacou a redução do custo caixa C1 para minério de ferro, que caiu 11% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 21 por tonelada. A companhia reafirmou o guidance de custo para 2025 entre US$ 20,5 e US$ 22,0 por tonelada.
O Capex do trimestre ficou em US$ 1,2 bilhão, em linha com o plano revisado, e a dívida líquida expandida alcançou US$ 18,2 bilhões, impactada pelo pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio.
A empresa manteve suas projeções de produção para 2025, esperando entre 325 e 335 milhões de toneladas de minério de ferro, 38 a 42 milhões de toneladas de pelotas, 340 a 370 mil toneladas de cobre e 160 a 175 mil toneladas de níquel.
Análise: contexto internacional adiciona cautela
Pedro Galdi, analista de investimentos da plataforma AGF, avalia que “o resultado da Vale veio dentro do esperado, refletindo os desafios conjunturais do trimestre“. Segundo Galdi, o ambiente externo, marcado por tensões comerciais e incertezas em relação à demanda chinesa, adiciona uma camada de cautela para os próximos trimestres.
“O momento é de atenção redobrada. Apesar de volumes robustos e controle de custos, os preços das commodities ainda estão sujeitos a volatilidade, especialmente diante de possíveis medidas protecionistas e do ritmo da atividade industrial chinesa“, destacou Galdi.
Sobre a possibilidade de um dividendo extraordinário em 2025, o analista ressalta que a companhia demonstra prudência, aguardando maior clareza no cenário econômico global antes de confirmar qualquer distribuição adicional.
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O post Vale registra lucro de US$ 1,4 bi no 1T25: analista destaca que cenário é de cautela apareceu primeiro em BM&C NEWS.