Não confunda tristeza com depressão


Todos os dias estamos sujeitos a situações que podem nos deixar tristes, seja por uma decepção, o fim de um relacionamento ou algo que não deu certo. Apesar de a tristeza ser uma reação natural, é comum ouvirmos que estamos “deprê”.
Depressão ou tristeza? A questão não é recente, mas ainda causa confusão, por isso é preciso diferenciá-las, pois sua natureza e impacto divergem substancialmente.
A tristeza é um sentimento inerente ao ser humano em resposta a eventos adversos, como frustração ou perdas. É parte intrínseca da experiência humana que, apesar da dor, aos poucos vai sendo diluída à medida que nos adaptamos à situação ou encontramos estratégias de enfrentamento.
Por outro lado, a depressão transcende a tristeza comum e manifesta-se como uma condição de saúde mental mais complexa e duradoura. Os sintomas são cruéis: alteração do padrão do sono, seja na quantidade e na qualidade; visão pessimista; alteração do apetite; diminuição da energia, que pode ser confundida com preguiça, desânimo ou cansaço, além da tristeza profunda. São sintomas que persistem por mais de duas semanas, interferindo na rotina.
Entretanto, reconhecer os sintomas iniciais não é tarefa fácil, pois muitos deles são confundidos com situações corriqueiras do dia a dia. Algumas pessoas, por exemplo, apresentam irritação; queixas físicas, como dores variadas resistentes a tratamentos; ou ainda desinteresse por atividades sociais que, numa época onde a rotina das pessoas é permeada por pressões diárias, o ato de isolar-se pode ser visto como natural, decorrente do estresse. Ou seja, o próprio indivíduo, e até mesmo amigos e familiares à sua volta, não percebem os sintomas.
Assim, conhecer os sintomas e saber diferenciá-los é fundamental. Basicamente, na tristeza, conseguimos relatar a situação que a despertou, principalmente naquelas que saíram do nosso controle. Na depressão, dificilmente conseguimos justificar o porquê daquele sentimento de desesperança.
A dificuldade em procurar ajuda é agravada pelo estigma associado ao quadro, carregado de preconceito, e, por isso, muitos evitam falar sobre o assunto. E, na tentativa de aliviar o sofrimento, muitos adotam comportamentos inadequados, como uso de álcool ou drogas, piorando o quadro.
É importante assinalar que a depressão é uma doença que pode levar a morte quando não há tratamento adequado, como medicação e psicoterapia. O número de pessoas com esta patologia cresce a cada ano, tanto que não é difícil encontrarmos ao nosso redor pessoas que estão atravessando esta doença, independente da idade, gênero ou classe social.
É preciso reformular a forma de pensar a depressão e não considerar que a pessoa está assim “porque quer”. Uma abordagem acolhedora e empática, tanto para depressão como para a tristeza, promove a saúde mental e o sentido do significado da vida. Créditos: Joselene L. Alvim- Psicóloga
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