Disputa entre PF e Abin mostra versões ‘do bem’ e ‘do mal’ da agência

A disputa política entre a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) mostra que há uma agência “do bem” e uma “do mal”.
A do bem é a que operou como órgão de Estado. A do mal operava como uma Abin paralela, suspeita de monitorar ilegalmente adversários políticos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A guerra entre os dois órgãos gira em torno do controle das informações de inteligência no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A PF acusa alguns servidores da agência de terem tentado abafar as investigações sobre o monitoramento ilegal. A cúpula da agência nega e diz que fez reunião interna destinada a pedir a todos que colaborassem com as investigações da PF.
Dentro da própria Abin há outra disputa, para que os principais cargos sejam destinados a servidores de carreira da agência. Hoje, os dois principais postos estão com delegados da Polícia Federal, de um grupo oposto ao que comanda hoje a Polícia Federal, chefiada por Andrei Passos.
Antes mesmo de assumir, o novo diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, indicou para sua equipe dois nomes que tiveram cargos de confiança no governo Bolsonaro: Alessandro Moretti e Paulo Maurício Fortunato. Corrêa foi muito criticado, mas disse a Lula que confiava nos dois assessores.
O segundo acabou sendo alvo de uma operação da PF, suspenso e acabou sendo demitido. E Moretti foi envolvido na Operação Vigilância Máxima da semana passada. Corrêa diz que não há nada que prove atos irregulares de Moretti.
O presidente Lula deve ouvir os dois lados nesta semana, PF e Abin, para tomar uma decisão. Há uma forte pressão para que pelo menos Alessandro Moretti seja demitido.
Reservadamente, a diretoria da Abin acusa a PF de ser parcial nas investigações. Já a Polícia Federal diz ter provas de que houve tentativa dentro da agência para evitar o prosseguimento das investigações.
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