
A desvalorização dos papéis das companhias brasileiras é gigantesca. Em 10 dias, as empresas listadas na B3 perderam juntas mais de R$ 100 bilhões em valor de mercado. Semana de turbulência foi marcada por sobe e desce nas bolsas
Foi uma semana turbulenta, com vai e vem de tarifas e o sobe e desce nas bolsas e nas taxas de câmbio.
Os mercados são como um espelho. Refletem imediatamente as crises. E se elas vierem acompanhadas de uma dose de idas e vindas – uma marca de Donald Trump -, o resultado é a oscilação do principal índice da Bolsa de Valores brasileira, o Ibovespa, que retrata o clima de incerteza mundial da semana considerada uma das mais turbulentas desde a pandemia e a crise financeira de 2008, segundo o economista Cláudio Carvajal.
“É uma guerra tarifária global sem precedentes. E ninguém sai ileso. Então, o que a gente está observando é uma verdadeira montanha-russa nos mercados financeiros. As bolsas estão tendo altas e baixas, uma volatilidade muito grande no câmbio. E isso tende a continuar nos próximos dias”, afirma Cláudio Carvajal, professor de negócios, economia e finanças FIAP.
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Dois dias depois do anúncio do tarifaço, a Bolsa caiu 3%. Na terça-feira (8), chegou ao nível mais baixo em um mês. Foi quando o duelo entre China e Estados Unidos escalou e as sobretaxas americanas passaram dos 100%. No dia seguinte, o anúncio da suspensão por 90 dias da cobrança de tarifas para outros países trouxe um alívio. Depois de uma nova queda na quinta-feira (10), o Ibovespa encerrou a semana em alta de pouco mais de 1% – ainda abaixo do patamar registrado no início da guerra tarifária.
Índice Ibovespa
Jornal Nacional/ Reprodução
“A gente agora tem uma expectativa de que esses 90 dias tragam a possibilidade de trazer para mesa de negociações dezenas de países e, dependendo de como essas negociações forem conduzidas e dos resultados dessas negociações, talvez a gente tenha alguma calmaria um pouco mais consistente no mercado. Mas ainda tudo é muito incerto. A gente está vendo um momento de tensão dos mercados e uma dificuldade muito grande de fazer qualquer tipo de previsibilidade”, diz Cláudio Carvajal.
O que já se sabe é que a desvalorização dos papéis das companhias brasileiras é gigantesca. Em dez dias, as empresas listadas na B3 perderam juntas mais de R$ 100 bilhões em valor de mercado. A Petrobras, a maior empresa do país, lidera as perdas. O economista Marcelo Fonseca explica:
“As empresas brasileiras como um todo sentiram bastante esse ambiente de aversão a risco. A gente assistiu, por exemplo, o que aconteceu nos mercados norte-americanos com as quedas nas bolsas por lá muito significativas, e era natural que isso acontecesse aqui no Brasil”, afirma Marcelo Fonseca, economista-chefe da Reag Investimentos.
Cotação do dólar comercial
Jornal Nacional/ Reprodução
Neste vai e vem, a cotação do dólar comercial, que estava perto de R$ 5,60 na semana passada, chegou a quase R$ 6 essa semana. Nesta sexta-feira (11), fechou o dia a R$ 5,87 – uma queda de 0,46%.
“Eu acho que o Brasil, nesse momento, tem que ter cabeça fria e olhar com mais cuidado para a questão das contas públicas, que nós sabemos que é uma fragilidade importante no Brasil. Tentar levar adiante reformas econômicas que pudessem garantir maior produtividade da economia brasileira, um ambiente de negócios mais favorável, atração de investimentos. Então, esse tipo de coisa que o Brasil deveria estar pensando em fazer nesse momento”, diz Marcelo Fonseca.
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