Roberto Assaf: Flamengo e a batucada de Ioiô e Iaiá

Bruno Henrique em ação contra o Orlando City Foto: Marcelo Cortes/Flamengo

O empatezinho de 1 a 1 entre Flamengo e Orlando City, nos Estados Unidos, neste sábado (27/1) foi de uma inutilidade sem par, pois não teve absolutamente nada de interessante, além, é claro, da fantástica torcida rubro-negra, que está em todos os lugares, sem camisas do Goiás, do Náutico e do Palmeiras, como foi possível notar na galera do Roxinho. Aliás, como bate o time local, hein?

O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada. Anda dizendo que o molho da baiana melhorou o seu prato. Pois é. Cá estamos nós com outro recreativo nos Estados Unidos, “teste”, como dizem os comentaristas, no febeapá que infesta a TV, notadamente nestes jogos cujo interesse ainda é desconhecido. E quando falam em “entrosamento”? Os caras jogam juntos faz cinco anos. O objetivo que é óbvio, no passeio ao Sunshine State é, por ora, entregar a Taça Guanabara e o tricampeonato estadual ao Fluminense.

Flamengo acha um gol

O Orlando City, que reúne atletas experientes, começou assustando, e o Flamengo achou um gol aos 12 minutos, de Pedro, deixando a partida equilibrada. Aos 29, Wilder Cartagena, aquele peruano carniceiro da Copa do Mundo de 2018, agrediu De La Cruz, e não foi expulso. É provável que o árbitro seja profissional de beisebol. Imaginem pagar uma fortuna por um craque como o uruguaio e perdê-lo num amistoso vagabundo desses. Aos 32, o duelo parou para o refresco. O time brasileiro não via a cor da bola. E o adversário, percebendo que o cão ladrava, mas não mordia, chegou ao empate, com facilidade, após tabelinha concluída pelo colombiano Ivan Ângulo, aos 41, estabelecendo um resultado justo. Nos acréscimos, Éverton Cebolinha mandou a bola de presente para um amigo norte-americano nas arquibancadas do stadium.

Que segundo tempo foi esse?

E se a primeira etapa já foi triste, a segunda lembrou uma pelada que havia às terças à noite no Horto Florestal, entrava e saía gente, inclusive gente mamada, pois os interesses que regem esses encontros estão basicamente fora do campo. No cantão do Jardim Botânico, era a confraternização regada à cerveja, e na Flórida ainda não se sabe exatamente quais são. A propósito, uma das características desses rachas é que a hora não passa. Lembra a Rádio Relógio, que não deu certo em Portugal porque o locutor não parava de contar os segundos, e jamais informava a hora certa.

E veio nova parada para descanso. O que dizia Tite naquele momento? Falava provavelmente que acorda várias vezes na madrugada, como confessou, para fazer pequenas anotações, talvez sobre a Bélgica de 2018 -“tem um lourinho no meio que joga paca”-, ou sobre a Croácia de 2022 – “parece que há um meia do Real Madrid que organiza o jogo”. Voltando ao peladão, a moça falou em “observar o Bruno Henrique”, quem sabe para ver se ele tem futebol.

Até que a coisa acabou. Para alívio geral. Há quem sambe diferente noutras terras, outra gente, um batuque de matar. Vai entrar no cuscuz, acarajé, abará. Na Casa Branca já dançou a batucada de Ioiô e Iaiá.

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