Muito além de decisões individuais: conheça 8 pontos que explicam a ‘epidemia’ de obesidade na América Latina, segundo estudo


Artigo publicado em revista científica destaca fatores socioeconômicos determinantes para entender alta de taxas em países como Brasil, onde 55% dos adultos estão acima do peso. No Brasil, 55% dos adultos estão acima do peso ou obesos
Celso Tavares/g1
A “epidemia” de obesidade que atinge um a cada oito habitantes do planeta vai além do estilo de vida de cada indivíduo. Segundo pesquisadores do Brasil e do México, há pelo menos oito fatores gerais e determinantes para os altos níveis de sobrepeso pelo globo, especialmente na América Latina.
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Em artigo publicado na revista científica “Nature Metabolism”, professores da Unicamp, USP e Universidad Nacional Autónoma de México revisaram a literatura para entender os fatores socioeconômicos, culturais e epigenéticos que explicam a alta da obesidade em países como o Brasil.
A nossa conclusão é que, muito além da vontade e das condições do indivíduo de determinar as suas escolhas em estilo de vida para se manter saudável, são fatores sistêmicos, contextuais.
” O ambiente em que ele se encontra é o principal determinante. Questões socioeconômicas e desigualdade social são determinantes muito importantes”, conclui Marcelo Nori.
🧩 Sendo assim, as peças-chave para compreender e combater de maneira mais eficaz o aumento da obesidade na América Latina são, segundo os pesquisadores:
Ambiente físico
Exposição alimentar
Interesses econômicos e políticos
Iniquidade (ou injustiça) social
Limitação do acesso ao conhecimento científico
Cultura
Comportamento contextual
Genética
Ainda que alguns termos sejam autoexplicativos, outros demandam definições mais aprofundadas. Mori detalha, por exemplo, que o comportamento contextual é aquele determinado pelo contexto no qual a pessoa está inserida.
“Uma criança que frequenta uma escola onde os alimentos disponibilizados são ultraprocessados, considerando que ela ainda está aprendendo a fazer suas próprias escolhas, está exposta a um contexto que não permite que o comportamento seja totalmente individual. Você não pode atribuir àquela criança a escolha individual, visto que ela está exposta a um ambiente favorável ao consumo daquele tipo de alimento”, diz o pesquisador.
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Obesidade em números
🌎 O estudo também compila dados alarmantes sobre a prevalência da obesidade na América Latina: no México, 75% dos adultos estão acima do peso ou obesos; no Chile, 74%; na Argentina, 68%; na Colômbia, 57%; e no Brasil, 55%.
👧 Considerando apenas crianças e adolescentes, o Chile lidera com 53% vivendo com obesidade ou sobrepeso. Na sequência aparecem Argentina, com 41%; México, com 39%; Brasil, com 30%; e por último a Colômbia, com 22%.
🩺 Uma análise conduzida pela NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC) em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que, nos últimos 30 anos, as taxas de obesidade entre crianças e adolescentes em todo o mundo aumentaram quatro vezes, enquanto os números dos adultos mais do que dobraram.
📈 Já o Atlas Mundial da Obesidade 2024, que reúne dados de 186 nacionalidades, afirma que a obesidade e o sobrepeso devem atingir metade das crianças e adolescentes do Brasil em 2035. Ao nível mundial, a federação diz que, se as tendências atuais continuarem até 2035, 770 milhões de crianças e adolescentes devem viver com sobrepeso e obesidade.
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O que pode ser feito?
No artigo, os pesquisadores defendem a criação de forças-tarefa voltadas aos desafios urgentes relacionados à obesidade em cada país da América Latina, reunindo lideranças locais em saúde pública, acadêmicos e médicos para monitorar o cenário e delinear estratégias de ação.
“Essa força-tarefa precisa estar aliada entre os diferentes países e ter amparo também em organizações internacionais que tratam da obesidade. Dentro dessas forças-tarefa é importante ter vários agentes, cientistas, epidemiologistas, médicos, agentes políticos, tomadores de decisão, porque é essa união que vai levar em consideração os diferentes aspectos que determinam a obesidade”, diz Mori.
Além disso, o professor destaca a necessidade iminente de políticas públicas para minimizar o crescimento da obesidade, em especial a obesidade infantil, que cresce exponencialmente. “Se não agirmos agora e efetivamente, vamos sofrer muito mais com essa epidemia no futuro próximo”, pontua.
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Reprodução/EPTV
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