
Como consequência, gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) também cresceram. Desde 2014, Brasil gastou R$ 2,4 bilhões de reais com internações. Cidades brasileiras registram aumento no número de acidentes envolvendo motocicletas.
Reprodução/Jornal Nacional
As cidades brasileiras têm registrado um aumento no número de acidentes de trânsito envolvendo motocicletas.
— Tudo bem, Claudinei? Como é que foi o trauma agora?
— Minha perna deu um giro. Caí no chão e na hora senti que minha perna tinha quebrado.
Histórias como essa ocupam boa parte do dia do coordenador do pronto-socorro de ortopedia do Hospital das Clínicas de São Paulo.
“Em termos de acidente de trânsito, os acidentes motociclísticos continuam sendo a grande parte das internações que ocorrem aqui no nosso serviço, mas isso não acontece só aqui no Hospital das Clínicas, e sim em todo o Brasil. No último ano, tivemos quase 170 mil internações e, vendo a curva histórica, a gente nota um aumento significativo dessas internações”, Marcos Leonhardt, médico ortopedista.
O aumento das internações tem a ver com o aumento da presença de motos nas ruas. Tem mais gente usando moto para ir trabalhar. Tem mais gente usando moto como o próprio trabalho. Os entregadores se tornaram uma rede gigantesca para a prestação de diversos serviços nas cidades.
Quem acompanha os acidentes de trânsito diz que as vítimas geralmente são adultos jovens.
“É uma faixa muito produtiva, então acaba causando um grande impacto social. O sinistro de trânsito representa um dos maiores problemas de saúde pública do Brasil”, analisa Antonio Meira Júnior, presidente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet).
Se o custo humano das tragédias é incalculável, a conta financeira não.
A partir de 2014, os gastos do SUS com essas internações tiveram uma tendência de queda até 2018. Em 2019, houve um aumento grande, e o número não reduziu muito nem com a pandemia.
2023 e 2024 registraram aumentos recordes. No ano passado, o gasto chegou a R$ 257 milhões. Desde 2014, o Brasil gastou R$ 2,4 bilhões nessas internações.
Os especialistas apontam o tráfego entre os carros como um dos maiores problemas das motos. Atrás apenas de outro item.
“O elemento mais relevante dentro da segurança viária é a velocidade. Para manter a velocidade baixa, você precisa fiscalizar. Esse fator principal, que é a velocidade, não está sendo fiscalizado como deveria”, afirma Ciro Biderman, coordenador do FGV Cidades.
“Nós temos como resolver esse problema. Primeiro, o gestor tem que colocar isso como prioridade. Se conseguirmos reduzir o número de acidentes, de sinistros de trânsito, vamos preservar mais vidas e disponibilizar mais leitos hospitalares para outros tipos de doenças que não são passíveis de prevenção, como essa doença tão grave que é o sinistro de trânsito”, acrescenta Antonio Meira Júnior.
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