
Máquinas do Deracre constroem rampa para acesso de moradores de Rodrigues Alves que precisam ir para Cruzeiro do Sul. Balsas menores ajudam na travessia, contudo, lama dificulta o acesso. Moradores de Rodrigues Alves enfrentam lama e deslizamentos para chegar até a rodovia que dá acesso a Cruzeiro do Sul
Reprodução/Rede Amazônica Acre
A balsa alugada pelo governo para a travessia de veículos, motoristas e mercadorias entre as cidades de Rodrigues Alves e Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, está parada há três dias após ter encalhado no Rio Juruá. O equipamento encalhou por causa do acúmulo de areia deixado pela vazante do rio.
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A falta do serviço resulta em precárias condições de travessia aos moradores, que precisam ir para o trabalho e realizar as atividades rotineiras entre as cidades, e ficam dependentes de pequenas balsas.
Rampa é construída por máquina para facilitar acesso
Reprodução/Rede Amazônica Acre
Em nota, o Departamento de Estrada de Rodagem, Infraestrutura Hidroviária e Aeroportuária (Deracre) informou que uma equipe já está no local fazendo a manutenção de uma rampa para acesso à balsa, com o apoio de máquinas e operadores para normalizar as operações.
O Deracre ainda orienta os motoristas a utilizarem as rodovias AC-407 e AC-405, que dão acesso a Cruzeiro do Sul para evitar transtornos durante este período. A previsão é de que o serviço fique pronto até sexta-feira (28).
O aposentado Alfredo Rosas mora em Rodrigues Alves há 30 anos e diz que o problema se repete a cada cheia do rio.
“Quando o rio enche, fica muito mais difícil a travessia. Agora estamos, constantemente, com problemas na balsa grande, seja problemas no motor e outros que dificultam. Com o começo da vazante do rio, se torna muito pior porque a balsa não consegue encostar no rio e as balsas menores têm dificuldade”, lamentou.
Balsas menores ajudam na travessia dos moradores que precisam ir até Cruzeiro do Sul
Reprodução/Rede Amazônica Acre
Reivindicações
O catraieiro Wylliam Silva ficou preso na lama na tentativa de dar passagem para a próxima embarcação nesta quinta-feira (27). Em entrevista à Rede Amazônica Acre, o trabalhador reivindicou melhorias e assistência aos catraieiros.
A embarcação dele está parada há dois dias. “Quando começa a vazar, fica ruim, tem lama, não vem uma máquina dar assistência para nós. Minha balsa está parada há dois dias e a máquina que tem vai fazer a rampa para a balsa grande”, criticou.
Genualda Santos tem três balsas pequenas que operam no local. Ela trabalha fazendo a travessia dos moradores há dez anos e todo ano a situação se repete: acúmulo de muita lama, falta de acesso às rampas, subidas improvisadas para os motoristas e até acidentes.
“Quando o rio vai secando, vai todo mundo dentro da lama, ninguém consegue atravessar, a balsa para, não tem porto e a gente tem que colocar umas tábuas na rampa para o pessoal passar. Mesmo assim, o pessoal cai dentro da lama, é um sufoco para quem trabalha aqui. O rio vai virar barranco e não tem como atravessar o pessoal. A maioria dos moradores de Rodrigues Alves trabalha em Cruzeiro do Sul”, recordou.
Os moradores também fazem reivindicação sobre a logística na espera da embarcação para travessia de acesso à BR-364 e Cruzeiro do Sul, como a construção de pontos de espera e banheiros. “Vamos garantir esses serviços diários. São os acessos à balsa, manutenção 24 horas da balsa alugada pelo governo, construir banheiros das duas margens do rio e também parada de passageiros para terem onde fica enquanto esperar”, afirmou a funcionário público Ralf Fernandes.
Vazante
O Rio Juruá teve o quarto dia seguido de vazante, saindo de 13,44 metros na noite de quarta-feira (26) para 13,24 metros na manhã desta quinta (27). Mesmo assim, o manancial segue acima da cota de transbordo, que é 13 metros.
Mesmo com a vazante, 32 famílias seguem em abrigos montados pela Prefeitura de Cruzeiro do Sul por conta da cheia do rio. O Corpo de Bombeiros do município estima que o nível deve seguir reduzindo e se normalizar nos próximos dias, mas ainda não há operação de volta para casa.
As famílias de locais atingidos pelas águas do rio também seguem com o fornecimento de energia elétrica desligado por medida de segurança. Cerca de 6,6 mil pessoas foram afetadas diretamente pela alagação.
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