Previsto para 2031, trem de SP a Campinas poderá ter tarifa variável

São Paulo — Ex-presidente da CPTM e agora diretor da concessionária TIC Trens, Pedro Moro afirma que o trem que ligará São Paulo a Campinas em 64 minutos deve começar a operar em 2031, como previsto em contrato com o governo estadual. Estimativas apontam que, após a consolidação, serão 49 mil pessoas por dia e passagem com valor médio de R$ 50, mas o preço poderá variar de acordo com a categoria do serviço.

O martelo foi batido em fevereiro, vencido pelo único grupo participante do leilão, com investimentos de R$ 14,2 bilhões por 30 anos de concessão.

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“Nosso cronograma aqui hoje está bem redondo para que todos esses dois serviços sejam implantados na sua data. A gente está trabalhando para não fugir nada da nossa mão. Tem um mapeamento completo, uma equipe trabalhando”, diz Moro, citando também o TIM, trem entre Jundiaí e Campinas.

Moro afirma que o TIC é a retomada de um modelo que estava fora do radar até pouco tempo atrás. “Uma linha nova de metrô é fundamental para melhorar o dia-a-dia das pessoas, das cidades, o VLT, o próprio trem, mas você retomar uma ligação de passageiros entre duas cidades a 100 km, você dá uma perspectiva do país muito interessante”, diz, apontando ainda que há potencial para dezenas de projetos semelhantes. No passado, o estado de São Paulo chegou a ter uma malha ferroviária de 5.000 km.

O diretor da concessionária afirma que o trem é muito associado ao transporte metropolitano, mas é que é preciso aguardar para saber se os números da demanda projetada serão atingidos. “Eu acho que vai ter uma curva, lógico, vai ter um monte de gente, vai ter fila para comprar na inauguração, eu não tenho a menor dúvida”, diz. “Mas ele tem um período de maturação até você atingir uma demanda que seja a do sistema. Então, a gente tem alguns números, mas é muito temerário dar números do que a gente acredita”, disse.

De qualquer forma, Moro explica que é um trem diferente do que aquele ao qual os moradores da Grande São Paulo estão acostumados. “É um serviço expresso, exclusivo, sentado, você compra o seu ticket antes, você vai chegar lá, seu lugar vai estar lá bonitinho para você sentar e você sair depois de uma hora na outra ponta”, diz.

Wi-fi e lugar marcado

Os trens que vão circular entre a capital paulista e Campinas são considerados de médio percurso, chegam a 140 km/h, têm velocidade média de 100 km/h, e deverão contar com Wi-Fi, ar-condicionado, cadeira individual marcada e banheiro.

Já para o TIM, que é a ligação de Jundiaí para Campinas, com paradas em Louveira, Vinhedo e Valinhos, está programada a compra de sete novos trens, mais simples que o TIC. “Então, esses trens vão poder operar ou entrar na Linha 7-Rubi, em caso de necessidade. Eles são intercambiáveis”, diz. A estimativa da concessionária é a de que o TIM leve 114 mil pessoas diariamente.

Embora a tarifa média esteja prevista em R$ 50 no edital, Moro diz que ainda não se tem a definição se haverá classes diferentes no mesmo trem, por exemplo.

Reconhecimento facial

Com relação ao futuro, a expectativa é a de que muita coisa mude até a inauguração do TIC. “O que deve ter um impacto muito maior, e a gente vai acompanhar, e acompanha isso, é o sistema de bilhetagem”, afirma. “Acredito que, se eu tivesse que fazer a minha aposta, ninguém vai ter o bilhete, nem o celular. É reconhecimento facial. Você entrou na estação ali, vai ter uma portinha lá, você olhou, que nem nos prédios hoje. Eu imagino que deva ser assim”, afirma.

Uma das principais críticas aos modelos de concessão é que muitos contratos são formulados até hoje sem prever as mudanças tecnológicas. Isso pode ser extremamente prejudicial à população, em especial em concessões de longo prazo. Segundo Moro, o acordo firmado entre o governo estadual e a TIC Trens prevê a possibilidade de incorporação de novas tecnologias.

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