Com impasse na sucessão da Câmara, vereadores e Nunes são diplomados

São Paulo — O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo realizou, nesta quinta-feira (19/12), a diplomação do prefeito reeleito da capital, Ricardo Nunes (MDB), e do vice-prefeito eleito, Ricardo de Mello Araújo, além dos 55 vereadores eleitos para a Câmara Municipal.

A diplomação ocorre em um momento tenso no Legislativo Municipal, que ainda corre para tentar aprovar os últimos projetos de interesse da gestão Nunes e vive impasse sobre a sucessão do presidente da Casa, Milton Leite (União Brasil).

Nos bastidores, vereadores da base aliada e da oposição avaliam que a ideia de Leite em emplacar seu apadrinhado Silvão (União Brasil) pode gerar um cenário imprevisível para a eleição da Mesa Diretora, que ocorre no dia 1º de janeiro, mesmo dia da posse.

Os parlamentares da base dizem respeitar o acordo fechado entre Milton Leite e Ricardo Nunes na época da eleição de que a presidência da Câmara permaneceria com o União, mas não concordam com a indicação de um vereador em primeiro mandato.

Neste cenário, existe a chance de partidos como o MDB, PSD e PL articularem candidaturas próprias. O PT, maior bancada da Casa, indica que deve compor com o candidato do União Brasil.

A avaliação é de que há uma insatisfação no ar com a falta de um posicionamento mais claro de Nunes sobre o acordo com o União.

“O que tenho falado para os vereadores é que entrem em um entendimento. Não vou indicar em quem eles devem votar. É claro que a experiência é importante, isso vale para qualquer área”, afirmou Nunes.

Na quarta-feira (18/12), a base aliada na Câmara tentou, até o início da madrugada, aprovar os últimos projetos de interesse do governo, incluindo o orçamento, mas não conseguiu a maioria qualificada necessária para aprovar os textos.

A avaliação é de que a derrota pode ser um indício de maiores dificuldades da gestão Nunes para aprovar sua agenda a partir do ano que vem.

Um dos projetos envolve uma série de emendas de vereadores que buscam alterar a lei de zoneamento em diferentes regiões da cidade. Aliados do governo, no entanto, negociam para a retirada das emendas argumentando que elas seriam vetadas pelo prefeito, o que também tem gerado insatisfação em alguns parlamentares. Nesta quinta, o prefeito confirmou que vai vetar as emendas caso elas passem.

Sessão de diplomação

A sessão solene ocorreu no Memorial da América Latina, na zona oeste da cidade, e contou com a presença de diversas autoridades como o governador Tarcísio de Freitas; o presidente da Câmara, Milton Leite; e o ex-presidente da República, Michel Temer.

A diplomação faz parte do rito da Justiça Eleitoral e serve para atestar que o candidato foi efetivamente eleito, estando apto a tomar posse do cargo no dia 1º de janeiro. Na ocasião, os candidatos recebem os diplomas assinados pelas juntas eleitorais.

O vice-prefeito eleito, Mello Araújo, não compareceu ao evento. Ele justificou que já havia programado uma viagem para visitar o filho que mora no exterior.

Outros quatro vereadores também: Jair Tatto (PT), Gabriel Abreu (Podemos), Renata Falzoni (PSB) e José Trípoli. A ausência não impede a diplomação e os faltantes podem solicitar o documento pelo sistema do TRE.

Discursos em defesa da democracia

As autoridades da Justiça Eleitoral fizeram uma defesa da democracia e das urnas eletrônicas durante seus discursos.

“A Justiça Eleitoral tem sido alvo de ataques, desinformação e ameaças. Muitos têm tentado enfraquecer a nossa confiança popular nas nossas urnas, que são exemplos de segurança e integridade. Aos que tentam desacreditar nosso sistema, afirmo que o sistema eleitoral brasileiro é um dos mais seguros e respeitados do mundo”, afirmou o presidente da Junta Eleitoral Apuradora e Totalizadora do Município de São Paulo, juiz Antônio Maria Patiño Zorz.

No momento de receber o diploma, a vereadora Luana Alves (PSol) gritou “Sem Anistia”, em referência à reivindicação de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro que pedem anistia aos presos em razão dos processos do 8 de janeiro e da tentativa de golpe e do próprio Bolsonaro, que está inelegível. Simpatizantes do PT e do PSol entoaram o mesmo jargão na plateia. Os parlamentares voltaram a gritar “Sem Anistia” na saída do evento.

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