Doença, morte e política – 2

Lula passa bem após embolização de artéria meníngea médiaAgência Brasil

É fato notório que Lula sofreu uma queda em casa, tomando banho, em 19 de outubro passado. Na ocasião, o presidente teria dito: “foi uma batida muito forte, saiu muito sangue, eu achei que tinha rachado o cérebro, rachado o casco”. Levado a um hospital em Brasília, passou por exames e levou pontos na nuca, local da pancada.

Acidentes domésticos, com maior ou menor gravidade, ocorrem com uma frequência maior do que se possa imaginar. Muitas vezes são fatais, como comprovou o acidente ocorrido nos EUA e que vitimou o apresentador Gugu Liberato. O de Lula, felizmente, rendeu cuidados médicos intensos e imediatos, mas não foi fatal.

No entanto, bem recentemente, o líder petista se queixou de fortes dores de cabeça. Levado às pressas num hospital em Brasília, se identificou um coágulo em sua cabeça, não exatamente no cérebro, mas entre o crânio e o couro cabeludo.

Foi imediatamente transferido para o Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde passou por um procedimento, uma pequena cirurgia, nomeado de “trepanação”, realizada por meio da perfuração do crânio com orifícios pequenos a partir dos quais são introduzidos drenos, algo comum em neurocirurgia e que, segundo a equipe médica, não envolve violação importante do crânio e normalmente tem um processo de cicatrização espontâneo. 

Voltando a nossa atenção ao ambiente político, quando um líder, como um presidente da República, vive uma situação assim, especulações de todo o tipo tomam espaço, especialmente na linha do: se ele(a) morrer, como será depois? É algo de certo modo cruel, impessoal demais, no entanto, o universo político não admite o vácuo de poder e isso seja lá qual for a razão do vácuo.

Prova desse ambiente de dinâmica intensa que é a política, é o fato de Lula não ter se afastado oficialmente, passando o exercício da presidência para o vice, Geraldo Alckmin. Em termos médicos, mesmo se falando em “vida normal” pós-cirurgia, considere-se ser Lula um senhor já idoso, 79 anos, sendo mais prudente uma convalescença formal e mais ampla.

Lula não quer se afastar da refrega política, cheia de articulações, negociações, pleitos e acordos. O que pode ser feito em sua ausência? Essa parece ser uma dúvida peculiar a quem exerce uma função como a dele. Então ele fica, mesmo pagando um preço com a eventual piora de sua saúde.

Para ler mais textos meus e de outros pesquisadores, acesse www.institutoconvivccao.com.br.

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