Governo divulga estratégia de vacinação contra a dengue

O número de casos da doença quase dobrou em janeiro de 2024, e o de testes cresceu 80%. Governo divulga estratégia de vacinação contra a dengue
O Ministério da Saúde divulgou nesta quinta-feira (25) as cidades que vão receber a vacina contra a dengue – com a prioridade para a faixa etária de 10 a 14 anos. No início de 2024, o número de casos e a procura por testes da doença explodiram.
É uma picadinha no dedo para coletar uma amostra de sangue e, em 15 minutos, sai o resultado. Uma farmácia, em São Paulo, faz testes de dengue desde 2023.
“Ele diagnostica se a pessoa está com a dengue naquele momento e os quatro sorotipos que a gente tem de dengue hoje disponível. Nos últimos três meses, a gente nota uma procura de quase 600% nos testes”, explica Juliana Cervan, diretora de serviços farmacêuticos da rede.
Segundo a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica, em quatro semanas, o número de testes de dengue aumentou 77% na rede privada. E cresceram também os resultados positivos: entre 16 e 22 de dezembro de 2023, 8.606 pessoas fizeram o teste – 18% deram positivo. Já no período de 7 a 13 de janeiro de 2024, foram 15.246 testes, com 22% positivos.
Segundo o Ministério da Saúde, nas três primeiras semanas de 2024, o Brasil registrou mais de 120 mil casos de dengue. Um aumento de 170% na comparação com o mesmo período de 2023.
Segundo os médicos, dá para diferenciar a dengue de outras doenças prestando atenção em alguns sintomas. A febre alta começa de repente e é comum a pessoa sentir dor atrás dos olhos. Dor de cabeça, nos músculos, no abdômen e manchas pela pele também podem aparecer. A orientação é tomar muita água – para evitar a desidratação – e procurar logo um serviço de saúde.
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Para se prevenir, além da vacina, a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, indica o uso de repelentes contra o mosquito, e explica o motivo para a explosão do número de casos.
“O calor excessivo que a gente está vivenciando, a quantidade de chuvas que a gente está vivenciando. Agente ainda está pegando período pós-pandemia, onde se falou muito menos de dengue, prevenção de locais onde pode ter mais vetor… Acho que tudo isso junto faz com que a gente tenha o maior número de casos”, afirma.
A empregada doméstica Taila Alves sentiu os primeiros sintomas na madrugada de sábado (20) e, na manhã seguinte, procurou um hospital.
“Cuidado com os potes, cuidado com as plantas. É isso que eu falo para todo mundo tomar cuidado, porque, olha, dói muito o corpo, dói muito a cabeça. É uma dor muito ruim, insuportável”, conta.
Vacinação
O Brasil é o primeiro país a oferecer a vacina no sistema público. Mas a quantidade disponível ainda é pequena: 6,5 milhões de doses. A prioridade do SUS é atender quem vive em regiões com número alto de casos de dengue, seguindo a estratégia do Conselho de Saúde dos Estados e dos Municípios e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
As vacinas vão ser aplicadas em 521 municípios, em regiões com alta transmissão da dengue, em 16 estados e no Distrito Federal – que nesta quinta-feira (25) decretou estado de emergência, com 16 mil casos nos primeiros dias de janeiro – um crescimento de mais de 600% em relação ao mesmo período de 2023. Três pessoas morreram.
A meta do SUS é vacinar 3,2 milhões de pessoas a partir de fevereiro. O público alvo são crianças e adolescentes de 10 a 14 anos – que vão receber duas doses, com intervalo de três meses. De janeiro de 2019 a novembro de 2023 foram 16,4 mil casos de internação nessa faixa etária.
“Essa faixa etária está dentro do que foi definido pela Organização Mundial de Saúde. A gente observa que, em termos proporcionais, o grupo de 10 a 14 anos representa o grupo que concentra mais as hospitalizações. Então isso foi um norteador para nossa tomada de decisão. O ministério tem a intenção de vacinar o máximo possível. Tudo depende do que for disponibilizado. Vacina é uma coisa que vai progredir ao longo dos anos”, diz Éder Gatti, diretor do PNI.
O número de hospitalizações entre pessoas idosas também preocupa, mas esse grupo não teve autorização da Anvisa para receber a vacina da dengue.
A ministra da Saúde pediu a ajuda da população para enfrentar o problema.
“Os focos do mosquito estão 75% nas casas, o que mostra essa importância do controle nas casas. Portanto, tem que ser uma ação de governo, mas também tem que ser uma ação de cada cidadã, de cada cidadão. Nós temos que nos corresponsabilizar neste momento. Essa união é muito importante, de esforços”, afirma a ministra Nísia Trindade.
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