O dia em que Oasis tocou em ‘palco desmontável em estacionamento’ na Região Metropolitana de Curitiba


Irmãos Gallagher voltam ao Brasil depois da passagem pelo país em 2009, na qual Noel reclamou da estrutura do show no Paraná nas redes sociais. Três meses após a apresentação, banda se separou. A passagem de Oasis pelo Brasil em 2009
A banda inglesa Oasis inicia, nesta quarta-feira (13), a venda geral de ingressos para dois shows no Brasil, que serão realizados em 22 e 23 de novembro após 15 anos de hiato.
Desta vez, os show serão concentrados em São Paulo – mas, em 2009, uma turnê da banda contemplou o Paraná com uma apresentação em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, em 10 de maio daquele ano.
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O show, em um domingo de Dia das Mães e lua cheia, foi na Arena Expotrade, local que até hoje recebe apresentações de grandes artistas.
Apesar da estrutura, à época, no blog oficial da banda no MySpace, o guitarrista Noel Gallagher criticou o local, que chamou de “palco desmontável em estacionamento”. Dias depois, o artista voltou atrás e retirou a reclamação e elogiou as apresentações no Brasil.
Tanto Noel quanto o irmão, Liam Gallagher, são conhecidos entre os fãs por opiniões “fortes”.
“Curitiba foi ótimo. O show foi, de qualquer forma. Não entendo o que estamos tentando provar quando tocamos em um lugar como aquele e como este de Porto Alegre […] São os fãs que saem perdendo, se quiserem saber a minha opinião. Um show em um palco desmontável em um estacionamento nunca vai ser comparável ao barulho e cores de um estádio. Ainda assim, as apresentações foram ótimas. Poderiam ter sido melhores”, afirmou o guitarrista, à época.
O g1 procurou o Expotrade para comentar a fala de Noel, no entanto, não teve resposta até a publicação desta reportagem.
Apresentação do Oasis em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, em 2009
Antonio Costa/Gazeta do Povo
O músico Eduardo Sazanoff Filho assistiu ao show em 2009 e lembra do público cantando a clássica “Don’t Look Back In Anger” junto com Noel. Na memória, registrou também a lua que apareceu naquela noite, em um raro dia não nublado na região.
“Lembro quando começaram a tocar Champagne Supernova, uma lua cheia imensa estava nascendo atrás do palco”, conta.
Em meio ao público também estava a psicóloga Maria Rafart, que levou a filha ao show com o objetivo de ajudar a menina a construir um repertório cultural musical.
“O Oasis nunca foi uma banda preferida, mas eu sei reconhecer o papel que teve na cena dos anos 1990. Quando estiveram em Curitiba, eu achei que era importante mostrar pra minha filha este pedaço indiscutível da história do rock. De certa maneira, quando os irmãos Gallagher estiveram aqui, era como poder fazer parte desta história”, afirma.
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Show quase foi na Pedreira Paulo Leminski
Antes do show em Pinhais, a banda chegou a anunciar que a apresentação seria na Pedreira Paulo Leminski, porém, o local foi trocado por questões judiciais.
Naquele ano, a pedreira estava interditada após o Ministério Público do Paraná acatar um pedido de moradores da região que reclamavam do barulho em dias de grandes shows. A Pedreira só foi reaberta para shows em 2014.
Neste período, a Arena Expotrade recebia as grandes apresentações que passavam por Curitiba e região, apesar da descrição de Noel. Performaram no local, por exemplo, Scorpions, Iron Maiden e Maroon 5.
No mesmo post que falou sobre a experiência pelo Paraná, o guitarrista sugeriu uma quantidade menor de apresentações, mas com infraestruturas maiores, citando a passagem da banda pela Argentina.
“Por que não fazer apenas dois ‘puta’ shows no Rio e em São Paulo? Se todo mundo na Argentina viaja até Buenos Aires para fazer parte de uma das maiores noites de todos os tempos (não estou brincando, você deveria estar lá!), eu não vejo por que isso não poderia acontecer no Brasil”, sugeriu Noel.
Print da publicação feita por Noel Gallagher no MySpace, em 2009
Reprodução/MySpace
Dessa vez, o desejo manifestado pelo guitarrista se concretizou. Os dois shows de 2024 no Brasil serão no Estádio do Morumbi, em São Paulo. Os valores variam entre R$ 245 e R$ 1.250.
Para Beto Bruno, vocalista da banda gaúcha Cachorro Grande, que abriu os shows do Oasis naquela turnê, o “incidente do estacionamento” não afetou o público curitibano, que vibrou durante cada uma das músicas durante o show.
“Aquilo foi uma loucura. A galera estava enlouquecida, cantando todas as músicas juntos. Terminou o show, saíram cantando ‘Live Forever’. Foi um show maravilhoso”, lembra.
A possibilidade de abrir os shows da banda britânica chegou para o Cachorro Grande quando eles estavam na gravação do quinto disco. No entanto, a relação entre eles e o Oasis começou muito antes, ainda que indiretamente.
Beto Bruno conta que nos anos 90 trabalhava em uma loja de discos. Na época, o que estava em alta eram as guitarras distorcidas do grunge de Nirvana, Alice in Chains e Pearl Jam, por exemplo. No entanto, nada disso chamava a atenção dele.
“Eu tinha já desistido de ter bandas de rock. Já estava de saco cheio e eu só tinha 20 e poucos anos de idade. Eu não gostava da cena que estava rolando. Quando apareceu Oasis para mim foi uma grande revelação. Eu vi o clipe deles na MTV e o que eu que me deu vontade na época foi querer montar a banda de novo. Para mim, foi definitivo, foi um marco no na minha carreira e na minha vida também”, afirma.
Beto Bruno, da banda Cachorro Grande, fala sobre influencia do Oasis ao longo da carreira
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Briga de irmãos motivou separação
Banda Oasis
Divulgação
Três meses depois da passagem pelo Brasil, Noel e Liam romperam e a banda, que sempre foi um dos ícones do “britpop” – um dos movimentos musicais mais icônicos dos anos 1990.
O rompimento aconteceu depois de uma briga nos bastidores durante a turnê do álbum “Dig Out Your Soul”. À época, Noel saiu da banda e anunciou que a saída foi porque “não poderia continuar trabalhando com Liam nem mais um dia”.
Ao longo dos anos, os dois sempre negaram uma reconciliação e, inclusive, tiveram inúmeras trocas de insultos e brigas públicas.
Beto Bruno lembra que, nos dez dias que passaram com os irmãos durante a turnê brasileira, os dois davam indícios o tempo todo que não se aguentavam mais.
“Principalmente o Noel. Ele ficava em hotéis diferentes do resto da banda. A gente achava incrível que a passagem de som, ele fazia separado. A banda terminava de fazer a passagem de som, ele subia e ficava sozinho com a guitarra dele, regulando. Eles pegavam voos diferentes. A gente já estava sacando que eles não tinham mais proximidade nenhuma. Os dois irmãos só se encontravam em cima do palco e, mesmo assim, era muito raro um olhar para o outro”, detalha.
Cachorro Grande ao lado de Liam Gallagher
Cachorro Grande
Depois de 15 anos separados, notícias da reconciliação dos dois pegaram fãs da banda de surpresa, inclusive Beto Bruno.
“Quando a gente estava voltando, alguém brincou: ‘Só falta agora o Oasis voltar. Volta a Cachorro Grande no Brasil e o Oasis na Inglaterra’. Dois meses depois, chega essa notícia […] Agora eu quero que a Cachorro Grande abra os dois shows do Oasis no Morumbi”, brincou.
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