Ex-vendedor de loja de departamentos, ‘coach dos bitcoins’ pegou investimentos de R$ 100 a R$ 500 mil e não pagou investidores, segundo processos


Rodrigo dos Reis Teixeira é suspeito de crime contra o sistema financeiro nacional. Em uma postagem dizia pretender mudar a vida de 1 milhão de pessoas. Segundo a PF, o número de lesados chegou a 10 mil. Rodrigo Reis, o coach dos bitcoins, em uma de suas postagens em rede social
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No site de uma de suas empresas, a RR Consultoria em Investimentos, Rodrigo dos Reis Teixeira, de 36 anos, conhecido como “coach dos bitcoins”, dizia ter “o propósito de mudar a vida de 1M (milhão) de pessoas”.
A Polícia Federal descobriu que não chegou a tanto, mas, segundo as investigações, ao lesar 10 mil investidores, ele causou um prejuízo de R$ 262,7 milhões.
Rodrigo dos Reis foi preso preventivamente na quinta-feira (7), por mandado da 6ª Vara Federal Criminal do RJ, após uma investigação da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor), da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
Ele é suspeito de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional:
Apropriação indevida de valores,
Negociação de títulos ou valores mobiliários sem registro prévio e sem autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
De operar instituição financeira sem a devida autorização;
De evasão de divisas;
Além dos crimes de exercer a atividade de administrador de carteira no mercado de valores mobiliários sem autorização;
De organização criminosa
Lavagem de dinheiro em compras de moeda virtual
Rodrigo dos Reis Teixeira, o ‘coach dos bitcoins’ em postagem em sua rede social
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O advogado Rafael Faria, que defende Rodrigo dos Reis, questiona a prisão do cliente e afirma que ele é inocente (veja no fim da reportagem a íntegra da nota da defesa).
Por volta de 2010, o então vendedor de uma loja de departamentos, morava em Campo Grande, na Zona Oeste da cidade e frequentava uma igreja evangélica no bairro. Passou por uma empresa do ramo de construção até iniciar o negócio que mudaria a sua vida.
Criou uma empresa e oferecia a interessados vários planos de investimentos.
Em um deles, conhecido como “caixinha” chegava a receber valores como R$ 100 e R$ 200 de pessoas de baixa renda e no mês seguinte pagava os rendimentos.
Segundo as investigações, a prática já era o início de um esquema de pirâmide. Os rendimentos e a fama de Rodrigo se espalharam. No auge do negócio, houve aportes de R$ 500 mil de um grupo de aposentados da Cedae que queriam garantir uma aposentadoria tranquila.
Hoje essas pessoas são partes das 340 ações cíveis que o “Coach dos bitcoins” responde na Justiça do Rio.
O sucesso inicial levou o ex-vendedor a sair de Campo Grande e se mudar para uma cobertura no Recreio dos Bandeirantes.
Ele alugou uma sala em um prédio comercial na Barra da Tijuca. Nesta época, 2022, os salários de sua equipe que buscavam investidores poderiam chegar a R$ 70 mil, segundo uma pessoa próxima ao grupo contou ao g1.
Rodrigo Reis Teixeira, o ‘coach dos bitcoins’
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Era 2021, período em que as pessoas tentavam voltar ao novo normal pós-pandemia de Covid quando Rodrigo dos Reis passou a ostentar. Nas fotos em suas redes sociais, aparece ele em jet-ski, helicóptero e carros de luxo.
Volta e meia retornava à igreja em Campo Grande. As visitas resultavam em novos investimentos de pessoas interessadas em mudar de vida.
Segundo uma testemunha ouvida pelo g1, Rodrigo não era pastor, mas era chamado a falar durante os cultos e depois ao deixar o local em um de seus carros mostrava que os negócios iam bem.
Por isso, a operação da PF que resultou em sua prisão foi batizada de “Profeta”. Muitos dos investidores arregimentados eram da igreja evangélica em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, e até de uma igreja batista, em Alphaville, em São Paulo.
A RR Consultoria passa, em 2022, a ser uma das oito empresas que compõe a RR Holding. De acordo com as investigações da PF, as pessoas investiam na RR, mas o dinheiro ia para outras empresas do grupo ou então fora dele e que estavam em nome da mulher, Karen.
Rodrigo Reis Teixeira e a mulher, Karen
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Nesta época, Rodrigo já era investigado por suspeita de estelionato e lavagem de dinheiro pela Polícia Civil de São Paulo. No relatório de inteligência do inquérito já há a constatação de que Rodrigo dos Reis abriu empresas em São Paulo e que pareciam não ter sede instalada “reforçando a tese de que foram abertas para dissimular recebimentos”.
“Acreditamos que o Grupo RR através de sua Holding possui diversas outras empresas que vem captando dinheiro sobre a promessa de rendimentos. Aportes e pagamentos estes que não se sustentarão ao longo do tempo onde tende a empresa deixar de honrar com o prometido esta prática é conhecida como pirâmide financeira”
A investigação que deu origem à operação Profeta começou em 2023.
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Os investigadores não encontraram nenhum bem em seu nome, o que foi visto com suspeitas de que ele já poderia desconfiar que estava sendo investigado. Rodrigo dos Reis, então, deixou o Rio e se mudou para São Paulo. Acabou encontrado pelos policiais a quase 500 quilômetros da capital paulista, no município de Cajamar.
Ao entrar na casa, os agentes federais encontraram quatro carros e uma moto. Todos foram apreendidos.
A polícia iniciou a análise de documentos para confirmar a destinação do dinheiro captado das pessoas. Há suspeita de que ela era destinada a outra empresa ou até ao exterior.
Rodrigo Reis Teixeira, o ‘coach dos bitcoins’ em sua empresa, a RR Consultoria
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Os policiais suspeitam de que, antes de ser preso, Rodrigo e a mulher Karen, já tivessem iniciado outra atuação no mercado financeiro: criaram uma empresa de renegociação de dívidas e ao mesmo tempo, captava novos clientes e, consequentemente, novos investimentos.
Agora, está preso sem prazo para deixar a cadeia. Quem lê o catálogo da RR Consultoria se depara com a frase que ele dizia aos investidores: “Plante para poder colher”.
O que diz a defesa:
A defesa de Rodrigo se manifestou através da seguinte nota:
“O advogado Rafael Faria manifesta profunda preocupação com a decisão da 6ª Vara Federal Criminal que determinou a prisão preventiva de Rodrigo Reis, ocorrida na quinta-feira, medida que, desconsidera importantes circunstâncias de seu caso. Rodrigo é primário, possui bons antecedentes, residência fixa e atividade lícita, fatores que, segundo a legislação e a jurisprudência, são suficientes para afastar a necessidade de prisão cautelar.
Os fatos investigados datam dos anos de 2020 a 2022, e os crimes apontados, além de não envolverem violência ou grave ameaça, referem-se a atividades que Rodrigo sequer exerce mais atualmente. A decisão ignora, portanto, o contexto atual do investigado, pois a prisão preventiva, que deveria ser medida excepcional, foi aplicada em desacordo com as disposições legais e constitucionais.
Conforme dito anteriormente, Rodrigo e sua defesa reafirmam sua inocência e acreditam que um julgamento imparcial concederá o direito de contribuir com as investigações em liberdade, direito assegurado a todos os cidadãos brasileiros”.
Rodrigo Reis Teixeira, o ‘coach dos bitcoins’
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