Copom acelera ritmo de alta de juros e eleva Selic para 11,25% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (6/11) elevar a taxa básica de juros do país, a Selic, de 10,75% ao ano para 11,25% ao ano, um aumento de 0,50 ponto percentual — valor dentro da projeção do mercado.

A decisão foi unânime, com a concordância de todos os nove integrantes do Copom: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

No comunicado, os diretores afirmam que o ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos.

“Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, diz o texto.

Este é o segundo aumento consecutivo dos juros no país, além de ser a maior elevação da taxa desde maio de 2022 — à época todo o colegiado do BC aprovou um acréscimo de 1 ponto percentual na Selic, que ficou em 12,75% ao ano.

Com isso, a Selic volta ao patamar de janeiro deste ano — quando o Copom seguia fazendo cortes. Em 2024, a redução dos juros só foi interrompida em 19 de junho, quando se manteve estável em 10,50% ao ano.

A alta dos juros não surpreende. Isso porque na ata da última reunião do Copom, realizada entre 17 e 18 de setembro, o BC indicou que o cenário atual do país “demanda uma política monetária mais contracionista [ou seja, optar pelo aumento da Selic para frear a subida da inflação]”, mas reforçou que o colegiado “julgou que o início do ciclo deveria ser gradual”.

O que significa um aumento dos juros?

A taxa de juros é o principal instrumento de política monetária do BC, para manter a inflação dentro da meta — de 3% com variação de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo (4,5% e 1,5%), como determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Um eventual aumento da Selic é a principal manobra do Banco Central para conter a inflação, o que resulta em redução do consumo e dos investimentos no país. Dessa forma, o crédito fica mais caro e a atividade econômica tende a desaquecer, provocando queda de preços para produtores e consumidores.

Atualmente, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, está em 4,42% no acumulado de 12 meses até setembro – cada vez mais próximo ao limite da meta.

O mercado financeiro aposta que a inflação vai estourar o teto da meta, ficando em 4,59% até o fim do ano. O dado referente ao mês de outubro será divulgado nesta sexta-feira (8/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Estimativas do mercado para a Selic

Para analistas do mercado financeiro consultados no relatório Focus mais recente, divulgado nessa segunda-feira (4/11) pelo Banco Central, a expectativa é de que o Copom aumente, até o fim de 2024, a taxa de juros para 11,75% ao ano. Ou seja, o mercado aposta em novas elevações nas últimas duas reuniões do comitê (de novembro e dezembro).

Para novembro, o mercado projetou um crescimento de 0,50 ponto percentual, com a taxa de juros ficando em 11,25% ao ano.

Calendário do Copom para 2024

Novembro

  • Reunião do Copom: 5 de novembro
  • Reunião do Copom: 6 de novembro
  • Divulgação da ata do Copom: 12 de novembro

Dezembro

  • Reunião do Copom: 10 de dezembro
  • Reunião do Copom: 11 de dezembro
  • Divulgação da ata do Copom: 17 de dezembro
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