MP pede para que Polícia Civil investigue médicos acusados de bater ponto sem trabalhar no Hospital Heliópolis, Zona Sul de SP


Promotor da 4ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital destacou a necessidade de oitiva de todos os envolvidos. Na quarta (23), a Secretaria Estadual de Saúde anunciou a exoneração do diretor-geral do hospital. Médicos do Hospital Heliópolis batem ponto e vão pra casa sem cumprir o expediente.
Reprodução/SBT
O Ministério Público de São Paulo oficiou a Polícia Civil para que seja instaurado um inquérito policial a fim de investigar a atuação de médicos acusados de bater ponto sem trabalhar no Hospital Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo.
O pedido do MP foi feito depois de uma notícia de crime apresentada pelo deputado estadual Simão Pedro Chiovetti (PT-SP) informando sobre possíveis delitos contra a administração pública cometidos pelos médicos e funcionários públicos Lawrence Aseba, Fulvio Alessandro de Oliveira Souza, Carlos Augusto Ferreira Junior, Maristela Kodama Iwamizu e possivelmente outros.
Paulo Henrique Castex, promotor da 4ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital, destacou a necessidade de oitiva de todos os envolvidos, possíveis testemunhas e a realização de diligências que as considerarem indispensáveis para o cumprimento dos procedimentos adequados.
Castex também encaminhou o documento à Promotoria do Patrimônio Público para a apuração de possíveis condutas de improbidade administrativa.
O g1 entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) para obter mais informações e aguarda retorno.
Diretor do hospital exonerado
Na quarta-feira (23), a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo anunciou a exoneração do diretor-geral do Hospital Heliópolis. A demissão de Abraão Rapoport foi determinada pelo secretário da pasta, Eleuses Paiva, que nomeou um assessor direto dele, o médico José Luiz Gomes do Amaral, como diretor interino do hospital.
Em nota, a secretaria reafirmou a investigação que tinha sido aberta no dia anterior contra ao menos dois médicos que foram filmados pelo SBT batendo o ponto no hospital e indo embora, no horário do expediente, para cuidar de assuntos pessoais.
“Após as graves denúncias que vieram a público a respeito do Hospital de Heliópolis, o secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva, determinou a exoneração do diretor. Foi também aberta sindicância para apurar todos os casos mencionados e determinar responsabilidades. O assessor direto do secretário, Dr. José Luiz Gomes do Amaral, será diretor interino do Hospital”, disse a SES-SP.
O Ministério Público de São Paulo também entrou no caso e anunciou que vai investigar a situação do hospital em duas frentes: criminal, onde os médicos podem ser responsabilizados por peculato (apropriação de recurso público mediante fraude), e de improbidade administrativa, uma vez que os dois médicos são servidores públicos do estado.
Troca de comando no Hospital de Heliópolis: sai o médico Abraão Rapoport e entra José Luiz Gomes do Amaral.
Montagem/g1/Reprodução e Divulgação
Médicos alvos de sindicância
O urologista Lawrence Aseba Tipo e o cardiologista Fulvio Alessandro Oliveira Souza foram filmados por reportagem do SBT saindo da unidade de saúde sem completar a rotina de trabalho para as quais foram contratados.
De acordo com a reportagem, Lawrence Aseba recebia R$ 5.394,00 para trabalhar dois dias por semana no hospital, mas usava o expediente para correr nas ruas do entorno da unidade.
Já o cardiologista Fulvio Alessandro O. Souza recebe R$ 19.429,79 para dar expediente no hospital três dias por semana, com carga horária semanal de 24 horas.
O Hospital Estadual de Heliópolis, no bairro do Sacomã, Zona Sul de São Paulo.
Divulgação/Governo de SP
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-SP) afirmou que “já identificou os profissionais citados pela reportagem e abriu uma investigação para apurar as denúncias”.
A pasta disse que “repudia a conduta e, sendo comprovadas as irregularidades, os médicos serão punidos”.
“Neste momento, o Hospital Heliópolis passa por obras de melhorias e a unidade já ampliou sua capacidade de atendimento, especialmente de pacientes oncológicos, alcançando mais de mil consultas e duas mil sessões de radioterapia. Mensalmente, são realizadas mais de 15 mil consultas e cirurgias, além de mais de 5.100 sessões de quimioterapia e radioterapia”, declarou a SES-SP.
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