Procura pelo Enem é maior onde há mais incentivos para que alunos façam o exame


O Censo do Ministério da Educação mostra que a participação na prova varia de um estado para o outro. O Ceará está no topo do ranking com a maior participação. Procura pelo Enem é maior onde há mais incentivos para que alunos façam o exame
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Já está disponível o cartão de confirmação do Enem, que informa o local dos exames dos dias 3 e 10 de novembro.
O caminho ideal é esse: em um ano, o aluno conclui o ensino médio e, no seguinte, entra na universidade. Mas muitas vezes não é assim.
“Na metade do ensino médio, eu comecei a trabalhar, e aí isso impactou um pouco os estudos por ficar muito cansada”, conta a estudante Vitória Oliveira Maciel, de 20 anos.
Assim como a Vitória, só dois em cada dez estudantes de escolas estaduais entraram na faculdade em 2023 logo depois de terminar a educação básica. Já nas escolas particulares, seis em cada dez chegaram ao ensino superior no ano seguinte à formatura no ensino médio.
O professor de Política Educacional da Universidade Federal do Ceará explica por que isso acontece.
“Muitas vezes o aluno da rede pública ele não tem essa noção automática da necessidade do ensino superior porquê os pais não tem ensino superior. Ele termina o ensino médio, arruma um emprego que ajuda na manutenção da casa e aí ele vai se preocupar com uma formação relacionada com esse mundo do trabalho em que ele está inserido”, diz Ruy de Deus e Mello Neto, professor de Política Educacional da Universidade Federal do Ceará.
Procura pelo Enem é maior onde há mais incentivos para que alunos façam o exame
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E se o Enem é a porta de entrada para o ensino superior para milhões de estudantes, o Censo do MEC mostra que a participação na prova varia de um estado para o outro. A procura pelo Enem é maior onde há mais incentivos para que os alunos façam o exame.
O Ceará está no topo do ranking de estados com a maior participação. Bem acima da média nacional e de estados como São Paulo e Roraima: quase 90% dos estudantes que concluíram o ensino médio em 2023 se inscreveram no exame.
“A gente tem mais carga horária. Por exemplo, a gente tem a matéria de Matemática para o Enem, que foca só em questões do Enem”, diz a estudante Maria Gabriely de Moreira Pontes, de 17 anos.
Procura pelo Enem é maior onde há mais incentivos para que alunos façam o exame
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A especialista em educação Claudia Costin diz que as políticas públicas têm um papel fundamental na adesão ao Enem:
“O Ceará tem uma tradição de incentivar os alunos da sua rede pública a fazerem o Enem. Eles inclusive chegam a pagar a taxa de inscrição. A Paraíba vem seguindo esse caminho e Goiás também”, diz.
“O Enem vai abrir várias portas, né? Porque, com a nota, eu posso entrar na universidade, de preferência uma federal, para que eu possa me desenvolver e, assim, no futuro, ter um bom cargo”, diz o estudante Mateus Almeida Mendes, de 17 anos.
O governo de São Paulo disse que este ano a rede pública estadual alcançou 80% de inscritos no Enem. E que a maior adesão é fruto de iniciativas como o incentivo sobre a importância do exame para o futuro dos alunos.
Em 2024, o número de inscritos no exame em todo o país cresceu e chegou a 5 milhões. O governo federal deu mais um incentivo. Estudantes do último ano que participam do programa Pé de Meia vão receber R$ 200 se comparecerem aos dois dias de prova.
A especialista em educação Claudia Costin diz que é importante que os estados também estimulem os jovens a prestar o exame:
“Há pesquisas aqui no Brasil que mostram que um aluno que concluiu o ensino médio e entra na faculdade ganha expressivamente mais do que um aluno que só fez o ensino médio. As chances de construir uma sociedade mais coesa, com menos desigualdade, aumentam bastante”, afirma.
Procura pelo Enem é maior onde há mais incentivos para que alunos façam o exame
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