Motorista de caminhão diz que veículo passou por conserto duas vezes no mesmo dia antes de tombar sobre van no Paraná


Van transportava time de remo de Pelotas (RS). Nove pessoas morreram. Segundo delegado, motorista também é de Pelotas, chorou em depoimento e está abalado. Mecânico que mexeu no veículo será ouvido. Nove pessoas morrem após carreta tombar sobre van no Paraná
Nicollas Otilio de Lima Pinto, de 39 anos, motorista de uma carreta que tombou sobre uma van e matou nove pessoas na BR-376, em Guaratuba, no litoral do Paraná, disse à polícia que o veículo apresentou problemas ao longo da viagem e passou pelas mãos de um mecânico duas vezes no domingo (20) – dia do acidente.
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O motorista de 39 anos prestou depoimento nesta terça-feira (22), por chamada de vídeo, conforme o delegado responsável pelas investigações, Edgar Santana.
A van transportava um time de remo do Projeto Remar para o Futuro, de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Sete atletas, o coordenador da equipe e o motorista do veículo morreram no acidente.
À polícia, o motorista da carreta afirmou que saiu de Santos, em São Paulo, e ia levar a carga de 30 toneladas de peças de ferro para a Argentina. No entanto, no sábado (19), enquanto passava pelo Paraná, a carreta começou a apresentar problemas.
O motorista disse ter parado o veículo assim que notou o problema. Um guincho da concessionária que administra o trecho o levou até um posto em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, onde o motorista disse ter acionado o dono da carreta.
No domingo (20), um mecânico consertou o veículo e Nicollas seguiu viagem. Porém, cerca de um quilômetro depois, o mesmo problema voltou a aparecer, afirmou o motorista em depoimento.
Novamente, conforme o relato, a carreta foi guinchada, desta vez para uma base operacional. O mecânico foi chamado de novo, mexeu no veículo e o motorista continuou a viagem.
Segundo o depoimento de Nicollas, ao se aproximar de trecho de serra, a falha reapareceu, momento em que perdeu o controle da carreta e bateu na van que transportava atletas do time de remo.
“Ele tentava engatar as marchas e algumas marchas terminaram não se encaixando. A partir daí ocorreu a perda do controle do veículo, um excesso de velocidade e, na sequência, um impacto na traseira da van”, detalhou o delegado.
Conforme o delegado, o mecânico que mexeu no veículo será intimado para prestar depoimentos. A polícia aguarda o resultado de laudos para verificar se a causa do acidente foi, de fato, problema mecânico.
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De acordo com o delegado, o proprietário da carreta também prestou depoimento. Ele afirmou que contratou Nicollas de maneira informal e que foi a primeira viagem do motorista faria em favor do proprietário.
À polícia, o proprietário disse que todo problema mecânico era reportado a ele, que tomava as providências de procurar um mecânico, o que confirma a versão apresentada por Nicollas.
Apesar de ter sido a primeira vez que o motorista fazia uma viagem para o proprietário desta carreta, o delegado informou que, no depoimento, Nicollas esclareceu que em março tirou a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) da categoria E, que permite que o condutor dirija veículos automotores de todos os tipos.
Segundo o relato do delegado, o motorista detalhou que já tinha habilitação para dirigir veículos de transporte de carga anteriormente e que trabalhou com eles em outras empresas.
Motorista também é de Pelotas, cidade das vítimas
O advogado Richard Noguera representa o motorista e afirma que Nicollas Otilio de Lima Pinto é morador de Pelotas, cidade das vítimas.
“Ele está profundamente comovido, abalado. Ele é de Pelotas também, é da terra dos meninos, então ele está transtornado, abalado, chora em todo momento, está muito fragilizado com essa tragédia. Notadamente, pela narrativa e pela dinâmica dos fatos, se percebe que realmente foi um acidente”, afirma o advogado.
Conforme o delegado Edgar Santana, ao longo do depoimento, o motorista chorou e demonstrou estar abalado com o acidente.
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O acidente
Atletas de Pelotas vítimas de acidente na BR-376, no Paraná
Reprodução
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a carreta bateu na traseira da van. Em seguida, com o impacto, a van bateu em outro carro, rodou na rodovia e, em seguida, foi arrastada para fora da pista pelo caminhão, que tombou sobre ela.
O motorista do carro não se feriu.
A van transportava um time de remo do Projeto Remar para o Futuro, de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Eles voltavam para casa após participar do Campeonato Nacional de Remo Unificado, em São Paulo, no qual conquistaram sete medalhas.
As vítimas são:
Samuel Benites Lopes, 15 anos
Henry da Fontoura Guimarães, 15 anos
João Pedro Kerchiner, 17 anos
Helen Belony, 20 anos
Nicoli Cruz, 15 anos
Angel Souto Vidal, 16 anos
Vitor Fernandes Camargo, 17 anos
Oguener Tissot (coordenador), 43 anos
Ricardo Leal da Cunha (motorista), 52 anos
O atleta João Milgarejo, de 17 anos, que também estava na van, foi resgatado com ferimentos leves e levado, junto com o motorista da carreta, para o Hospital São José, em Joinville, Santa Catarina.
Medalhas conquistadas pelos atletas foram encontradas no local da batida. Elas foram recolhidas e levadas até o Aeroporto Afonso Pena, na Região Metropolitana de Curitiba, onde foram embarcadas no avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que transportou os corpos das nove vítimas nesta terça-feira (22).
Em Pelotas, as vítimas serão veladas coletivamente na sede campestre do clube Centro Português 1º Dezembro. O início da cerimônia será fechado para amigos e familiares. Em seguida, o velório será aberto para a comunidade.
Ilustração mostra como teria ocorrido acidente na BR-376, no Paraná
Reprodução/TV Globo
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