‘Dor e alívio’, diz mãe ao rever filho que sobreviveu a acidente com equipe de remo de Pelotas no PR


João Pedro Milgarejo, de 17 anos foi atendido em hospital de Santa Catarina com escoriações e recebeu alta. Ele e a mãe estão no RS, onde residem. Nova pessoas morreram na colisão. Graciele Timm Nolasco, mãe de único atleta a sobreviver após acidente no PR
Reprodução/RBS TV
A mãe de João Pedro Milgarejo, o único integrante da equipe de remo de Pelotas que sobreviveu ao acidente que deixou nove mortos em Guaratuba (PR), afirmar estar vivendo uma mistura de sentimentos. Em entrevista ao Jornal do Almoço, da RBS TV, nesta terça-feira (22), Graciele Timm Nolasco disse estar dividida entre o alívio de ver o filho bem e a dor pela perda dos outros jovens.
“Estou feliz e ao mesmo tempo triste pelos outros atletas. Eram a segunda família dele, eu sinto muito pelos pais. Aquela dor e o alívio de ver ele ali”, desabafou Graciele.
A mãe do atleta conta que ficou sabendo do acidente com a van que transportava a delegação por meio de uma coordenadora do projeto Remar Para o Futuro.
“Eu fiquei desesperada, eu queria pegar aquela hora e ir para lá ficar com ele, abraçar ele, beijar ele e ver realmente se ele estava bem, se não estava com nenhuma fratura”, relembra.
Milgarejo recebeu alta do Hospital Municipal São José, de Joinville (SC), na noite de segunda-feira (21) e retornou ao RS com a mãe e o padrasto a bordo de um avião disponibilizado pelo governo gaúcho. Ele teve apenas machucados no rosto e torção em um dos pés, que ficou preso ao banco quando a van tombou.
“Nasceu de novo”, define a mãe.
Amigos colocaram cartazes no portão da casa onde mora sobrevivente de acidente no PR
Júlia Barros/RBS TV
Os mortos são sete atletas, com idades entre 15 e 20 anos; o coordenador do time; e o motorista da van que transportava a delegação para um torneio realizado em São Paulo. Um velório coletivo deve ocorrer nas próximas horas.
As vítimas eram vinculadas à iniciativa “Remar para o Futuro”, realizada em parceria com o clube Centro Português e a Academia de Remo Tissot, e que contava com o apoio da Prefeitura de Pelotas e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Milgarejo fazia parte do projeto desde os 14 anos.
Atletas de Pelotas vítimas de acidente na BR-376, no Paraná
Reprodução
Sobrevivente fala pela primeira vez
João Pedro Milgarejo, de 17 anos, falou com exclusividade à RBS TV. Ele contou que, no momento da colisão, estava dormindo no fundo da van, que foi atingida por uma carreta.
“Quando eu acordei, nem sabia o que tava acontecendo. Depois que eu fui ver que tava tudo desmoronado. […] Quando eu saí daquela van, eu já sabia que ia ser só eu, não tinha como mais ninguém sobreviver”, relembra.
Após o resgate, o atleta recorda que “apagou” na ambulância. Quando ele lembra de ter retomado a consciência, já estava no hospital de Joinville (SC), para onde foi encaminhado.
“Meus pêsames por todo mundo que não sobreviveu. Meus amigos, meu treinador e pela família deles, sinto muito”, solidariza-se.
Amigos colocaram cartazes no portão da casa onde mora sobrevivente de acidente no PR
Júlia Barros/RBS TV
O atleta afirma que seguirá remando assim que se recuperar. Pelos colegas e pelo sonho de disputar as Olimpíadas.
“Pretendo continuar remando por eles e pela família deles. Pretendo muito ir pras Olimpíadas ainda, eu não vou desistir tão fácil”, projeta.
‘Quando eu saí daquela van, já sabia que ia ser só eu’, diz sobrevivente de acidente no PR
Manifestações de pesar
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou a morte da delegação. “Não há palavras que possam descrever a dor de perder um filho ou neto. A dor é irreparável. Meus sentimentos e solidariedade aos familiares e amigos das vítimas”, disse.
Natural de Pelotas, o governador Eduardo Leite (PSDB) disse que “esses jovens eram exemplos de dedicação, superação e orgulho para todos nós. Estavam no auge de suas carreiras, conquistando medalhas e levando o nome do nosso Rio Grande ao topo em uma competição de grande relevância nacional, o Campeonato Brasileiro Unificado, disputado em São Paulo”.
Acidente na BR-376: manifestações do presidente Lula e do governador do RS, Eduardo Leite
Reprodução/RBS TV
A prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), decretou luto oficial de sete dias. “Eles partiram de forma inesperada, deixando uma dor imensa em todos nós. Que possamos encontrar consolo nas lembranças que eles nos deixaram, e na esperança de que seu legado de amor, determinação e companheirismo continue vivo em cada um de nós, inspirando nossas ações e nossas vidas”, disse.
O ministro do Esporte, André Fufuca (PP), destacou que quatro vítimas eram beneficiárias do programa Bolsa Atleta. “Em nome de toda a comunidade esportiva, expressamos nosso profundo pesar por essa tragédia que afeta a todos. Desejamos força e coragem para enfrentarem essas perdas irreparáveis e colocamos o Ministério do Esporte à disposição para auxiliar naquilo que for necessário”, falou.
A presidente da Confederação Brasileira de Remo, Magali Moreira, divulgou uma nota em nome da entidade em que “se solidariza com a dor de amigos familiares dos atletas, da equipe do Centro Português e Remar para o Futuro, atingidos pela tragédia”.
O clube de futebol Grêmio Esportivo Brasil, que perdeu três integrantes de sua delegação em um acidente de ônibus em 2009, manifestou pesar pela tragédia. “Neste momento difícil e de grande dor, desejamos força aos familiares, amigos e toda a comunidade pelotense”, afirmou, em nota.
O Esporte Clube Pelotas também lamentou o acidente. “O Esporte Clube Pelotas está de luto pela tragédia envolvendo os atletas do projeto vitorioso Remar para o Futuro que retornava para cidade após competição em São Paulo”, disse a entidade.
Grêmio, Internacional e Juventude, clubes gaúchos da série A do Campeonato Brasileiro de futebol, também se solidarizaram diante da tragédia.
Carreta container tomba sobre van e mata nove pessoas de equipe de remo na BR-376 no Paraná
Corpo de Bombeiros
O acidente
O acidente ocorreu após uma carreta contêiner tombar sobre a van que transportava a equipe de remo na BR-376, por volta das 21h40 de domingo, em Guaratuba, no litoral do Paraná.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o acidente aconteceu no km 665, sentido Santa Catarina. A van saiu de São Paulo e tinha como destino o município de Pelotas. Por conta do acidente, a rodovia ficou interditada por 15 horas e chegou a registrar 22 quilômetros de congestionamento. A pista no sentido Santa Catarina foi liberada às 11h57 de segunda, de acordo com a concessionária Arteris Litoral Sul.
A PRF informou que a suspeita é que a carreta perdeu os freios e colidiu na traseira da van. Com o impacto, a van bateu em outro carro, rodou na rodovia e, em seguida, foi arrastada para fora da pista pelo caminhão, que tombou sobre ela.
Mata mostra local do acidente que vitimou 9 pessoas do RS no PR
Arte g1
Investigação
A Polícia Civil do Paraná investiga se a carreta que tombou sobre uma van que transportava integrantes de um time de remo perdeu os freios antes do acidente. A polícia pretende ouvir o motorista do caminhão, um homem de 30 anos.
“O procedimento vai ser devidamente instaurado pela Delegacia de Delitos de Trânsito de Curitiba, inicialmente pela prática do crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor”, disse o delegado Edgar Santana.
O caminhão estava carregado com cerca de 30 toneladas de peças de ferro para carros, segundo o delegado.
Ilustração mostra como teria ocorrido acidente na BR-376, no Paraná
Reprodução/TV Globo
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