
Ana Beatriz, de 14 anos, foi morta dentro da própria casa em Praia Grande (SP), em 2012. O julgamento dos réus, que aconteceu em setembro de 2023, foi anulado e remarcado devido a um problema na gravação das oitivas e interrogatórios em plenário. Ana Beatriz foi morta dentro da própria casa em Praia Grande (SP)
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O trio condenado por matar a adolescente Ana Beatriz, de 14 anos, em Praia Grande (SP), a mais de 18 anos de prisão em regime fechado em 2023 vai passar por novo júri popular entre maio e junho deste ano. O julgamento anterior foi anulado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) devido a um problema técnico na gravação do depoimento das testemunhas e dos interrogatórios.
A decisão foi tomada em dezembro de 2024 e obtida agora pelo g1. Segundo o TJ-SP, o júri popular em 2023 aconteceu com sucesso, em setembro, na Sede do Ministério Público em Praia Grande, mas os problemas nas gravações prejudicaram o processo contra a mãe da vítima, a companheira dela e o ex-marido.
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O corpo de Ana Beatriz, morta dentro da própria casa no bairro Jardim Anhanguera, foi encontrado por um caminhoneiro às margens da Via Anchieta, em São Bernardo do Campo, em junho de 2012. A Justiça concluiu que a mãe da vítima, Ana Luiza Ferreira, a companheira dela Elizabete Fernandes dos Santos e o ex-marido Carlos José Bento de Souza atuaram juntos no crime.
O júri na Sede do MP em Praia Grande aconteceu nos dias 28 e 29 de setembro, quando os três foram condenados a mais de 20 anos de reclusão em regime fechado, mas, após recurso, as penas foram reajustadas para ao menos 18 anos.
A advogada Priscila Modesto, que representa Elizabete, explicou ao que, após o julgamento, a defesa tem a possibilidade de apresentar um recurso de apelação. Isso permitiria aos desembargadores revisar a sentença, podendo tanto reduzir quanto aumentar a pena.
No entanto, ela ressaltou que as gravações feitas durante o plenário do julgamento não foram anexadas aos autos do processo. Esse detalhe, segundo Priscila, é relevante para a defesa, dependendo das circunstâncias e do conteúdo dessas gravações.
“Os desembargadores pediram e o Fórum disse que houve problema técnico e não conseguiu gravar o plenário. Diante disso, fica impossível os desembargadores analisarem qualquer recurso se não há as provas do julgamento do plenário”, afirmou.
Decisão anterior
Ana Luiza Ferreira (à esq), a companheira Elizabete Fernandes e o ex-marido Carlos José Bento de Souza (à dir)
Reprodução
Os três foram condenados em setembro de 2023, em julgamento onde também foram ouvidas quatro testemunhas. Inicialmente, as penas foram assim aplicadas:
Ana Luiza – 27 anos, 2 meses e 20 dias de prisão e 11 dias-multa.
Elizabete – 20 anos e 8 meses de prisão e 11 dias-multa.
Carlos José – 26 anos, 9 meses e 6 dias de prisão e 11 dias-multa.
Após a análise dos recursos, as penas foram reduzidas. A defesa de Ana Luiza apresentou embargos de declaração, argumentando a prescrição dos crimes de falsidade ideológica e ocultação de cadáver. Esse pedido foi acolhido pelo Ministério Público.
Ana Luiza – 24 anos, 10 meses e 20 dias
Elizabete – 18 anos e 8 meses
Carlos José – 25 anos, 7 meses e 6 dias
Novos julgamentos
Segundo Priscila, os três foram presos e soltos posteriormente por meio de habeas corpus para responder ao recurso em liberdade.
De acordo com o TJ-SP, o júri de Elizabete foi remarcado para o dia 29 de maio, já os de Carlos e Ana Luiza para 12 de junho deste ano.
O advogado Thiago Landa, que representa Carlos José, confirmou ao g1 que o julgamento do cliente será às 9h. O processo tramita sob segredo de justiça.
A equipe de reportagem tentou contato com a advogada de defesa de Ana Luiza, Mariana Santos de Oliveira, mas não obteve sucesso até a última atualização da reportagem.
O caso
Mãe é julgada por matar e ocultar o cadáver da própria filha em Praia Grande
O corpo de Ana Beatriz foi encontrado às margens da Via Anchieta, em São Bernardo do Campo. A mãe da vítima, Ana Luiza Ferreira, participou de uma reconstituição do assassinato da adolescente.
Na época, ela contou que o crime aconteceu quando um outro filho, de 7 anos, dormia em um quarto em frente ao local do assassinato.
“Ela alegou que houve uma discussão muito forte entre a filha dela e a Elizabete, que é namorada da Ana Luiza. A Elizabete, que é boxeadora, teria agredido a filha dela com socos até a morte. Ela disse que tentou afastar a agressora, mas não conseguiu. A reconstituição serviu para mostrar como a mãe foi omissa”, explicou o delegado responsável pelo caso na época, Luiz Evandro Medeiros.
O ex-marido da mãe, que registrou Ana Beatriz como filha, é suspeito de ajudar a esconder o corpo da jovem. Depois de ter visto a adolescente morta, Ana Luiza foi até o carro buscar um cobertor para esconder o cadáver.
Durante a reconstituição, uma pequena fogueira foi encontrada nos fundos da casa com várias roupas queimadas e um anel. A polícia acredita que o trio pretendia enterrar a menina dentro da própria casa.
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