
Um relatório da Grizzly Research levanta suspeitas sobre a XP Inc., sugerindo que a corretora depende da venda de Certificados de Operações Estruturadas (COEs) para manter sua lucratividade. Sem esses produtos, a casa de análise americana afirma que a XP não se sustentaria financeiramente.
O relatório aponta que a XP operaria um esquema semelhante ao de Bernie Madoff, no qual novos aportes de investidores financiam retiradas anteriores, sem geração de valor real. Os fundos Gladius FIM CP IE e Coliseu FIM CP IE seriam peças-chave nesse modelo, apresentando retornos anormais, como os 2.419% em cinco anos do Gladius, sem registrar perdas durante a crise de 2020, algo considerado suspeito.
A acusação
A pesquisa indica que a XP depende do fluxo de caixa desses fundos para manter seus resultados. Entre 2020 e 2024, Gladius e Coliseu teriam transferido R$ 27,66 bilhões para a XP, enquanto o lucro líquido da corretora no mesmo período foi de R$ 17,52 bilhões. Isso sugere que, sem esses recursos, a XP teria operado com prejuízo.
A corretora também é acusada de promover a venda agressiva de COEs, pressionando consultores a convencer clientes a investir nesses produtos sem entenderem os riscos envolvidos. A XP ofereceria comissões de 5% sobre os COEs aos consultores, criando um incentivo para a reciclagem de produtos, onde investidores eram incentivados a reinvestir repetidamente, mesmo sem obter retorno tangível.
O que diz a XP
A XP classificou as informações divulgadas como “falsas, incorretas e imprecisas”, reafirmando seu compromisso com a transparência e a governança regulatória. “A companhia cumpre com a lei e segue todas as normas estabelecidas por órgãos reguladores, como CVM, SEC e Banco Central, e tem suas operações auditadas regularmente por instituições independentes”, declarou a XP. A empresa também anunciou que tomará “todas as medidas legais cabíveis contra a Grizzly Research”.
A XP reitera que continuará operando com os mais altos padrões de ética e transparência no mercado financeiro, defendendo a integridade e a confiança de seus clientes, parceiros e acionistas.
O que é COE?
COE (Certificado de Operações Estruturadas) é um produto de investimento que combina características de renda fixa e renda variável em um único instrumento financeiro. Ele permite que investidores tenham acesso a diferentes estratégias de mercado, incluindo ações, câmbio, commodities e juros, com uma estrutura que pode limitar perdas ou ampliar ganhos. O COE pode ser pré-fixado, com um retorno conhecido no vencimento, ou atrelado ao desempenho de um ativo subjacente, oferecendo potencial de valorização sem garantia de retorno.
Outras polêmicas envolvendo a XP
Essa não é a primeira vez que a XP se envolve em polêmicas. Relembre alguma delas:
- A ex-apresentadora Márcia Goldschmidt entrou com um processo contra a XP Investimentos, alegando perdas de US$ 3 milhões após seguir a recomendação de um consultor da corretora para transferir sua carteira para a XP Europa. Entre os problemas apontados, estão operações financeiras sofisticadas feitas sem seu total entendimento, promessas de retornos garantidos que nunca se concretizaram e a classificação indevida de seu perfil como investidora profissional. O advogado da apresentadora argumenta que as perdas não foram meramente reflexo das oscilações do mercado, mas sim consequência de falhas informacionais e má gestão da XP.
- Em fevereiro do ano passado investidores da XP acionaram a Justiça alegando que a corretora adotou práticas abusivas que resultaram em perdas milionárias, incentivando investimentos arriscados sob a promessa de proteção contra perdas. Os clientes relatam que foram levados a mudar seus perfis para mais arrojados, comprar COEs que não entregaram os retornos prometidos e realizar operações alavancadas sem autorização. Além disso, assessores financeiros teriam executado transações milionárias sem consentimento, elevando as taxas de corretagem e os prejuízos. As ações movidas incluem trocas de mensagens como prova de que a XP promove um modelo de venda agressivo e enganoso.
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