Polícia Civil faz operação contra facção especializada em extorsões por telefone e que já ocupa 13 cadeias no Rio de Janeiro

De posse de celulares, segundo a investigação da Delegacia Antissequestro, eles praticam o golpe do falso sequestro e já reúnem 18 mil integrantes. Cinco policiais penais são investigados por envolvimento com a organização criminosa, que movimentou R$ 70 milhões em um ano. A Polícia Civil do RJ iniciou nesta terça-feira (22) a Operação 13 Aldeias, contra uma quadrilha que, de dentro dos presídios, faz centenas de vítimas todos os dias com o golpe do falso sequestro. O Povo de Israel surgiu há 20 anos e hoje conta com 18 mil integrantes, quase todos encarcerados em 13 unidades prisionais — dominadas pela facção e chamadas de “aldeias”.
Agentes da Delegacia Antissequestro (DAS) saíram para cumprir 44 mandados de busca e apreensão. Entre os alvos estão 5 policiais penais suspeitos de ajudar os criminosos.
O Povo de Israel foi fundado em 2004 por renegados por outras denominações — muitos são estupradores e pedófilos. De posse de celulares, que entram ilegalmente dentro dos presídios, eles criaram uma indústria de extorsões.
O trabalho de investigação da DAS — que conta com o apoio do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Subsecretaria de Inteligência da Administração Penitenciária — conseguiu provar que a organização criminosa movimentou quase R$ 70 milhões em operações bancárias, realizadas somente entre janeiro de 2022 e maio deste ano.
De acordo com a Polícia Civil, 1.663 pessoas físicas e 201 pessoas jurídicas foram utilizadas para fazer circular o dinheiro.
Nelson Hungria, a ‘central da extorsão’
Ainda segundo as investigações da DAS, a base central da facção é o Presídio Nelson Hungria, que fica dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste da cidade.
Chefes do Povo de Israel são alvos da ação desta terça: Marcelo Oliveira, o Tomate; Avelino Gonçalves, o Alvinho; Ricardo Martins, o Da Lua; e Jailson Barbosa, o Nem.
Segundo a Polícia Civil, o inquérito mostra que há uma clara divisão de tarefas e funções dentro da organização. São chamados de “empresários” os presos responsáveis por obter o celular que será usado dentro da cadeia.
O apelido de “ladrão” é para aquele que faz as ligações para as vítimas, simulando vozes de parentes que estariam supostamente em poder da quadrilha. Tem também os “laranjas”, aliados fora das prisões que recebem o dinheiro obtido nos crimes.
Foi descoberto, por exemplo, que a quadrilha já tem ramificações no Espírito Santo e em São Paulo, com pessoas que recebem o dinheiro das extorsões em contas bancárias.

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