PM alega que homem morto a tiros em Florianópolis atacou agentes, mas família nega

A PMSC (Polícia Militar de Santa Catarina) afirma que Guilherme Jockyman, de 31 anos, morto a tiros por policiais na manhã desta quinta-feira (17), em Florianópolis, teria atirado pedras durante tentativa de atendimento pelo Samu. Guilherme foi atingido por dois disparos na região do peito e família diz que vítima estava em surto psicótico.

Segundo a PM, antes de ser morto a tiros, Guilherme estava tendo um surto e recebeu os agentes com pedradas - Foto: Acervo pessoal/ND

Segundo a PM, antes de ser morto a tiros, Guilherme estava tendo um surto e recebeu os agentes com pedradas – Foto: Acervo pessoal/ND

O caso aconteceu por volta das 5h desta quinta-feira (17) no bairro Rio Vermelho, no Norte da Ilha de Santa Catarina. Em nota enviada ao ND Mais, o 21º Batalhão da PMSC diz que foi acionado para dar apoio ao Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), pois a equipe teria enfrentado “dificuldades” e foi, inclusive, “recebida a pedradas” (leia o posicionamento na íntegra mais abaixo).

A família de Guilherme nega a versão apresentada pela corporação e diz que a vítima negou o atendimento pelo Samu, mas que não teria agredido os profissionais.

“Ele simplesmente negou o atendimento. O policial que atirou sequer saiu do carro, ele atirou da viatura”, conta o irmão de Guilherme, Arthur Jockyman.

A Polícia Militar diz ainda que Guilherme “teria investido contra a guarnição” utilizando duas facas. No entanto, a família diz que os itens não foram usados por Guilherme para tentar ferir outras pessoas.

“Mesmo que tivesse [risco], existem outras formas de conter uma pessoa, que não seja dando dois tiros no peito, para matar. Em momento nenhum ele agrediu a família ou qualquer outra pessoa que estava perto”, completa o irmão da vítima.

Família de Guilherme contesta a versão dada pela PM - Foto: Acervo pessoal/ND

Arthur, irmão de Guilherme, contesta a versão dada pela PM – Foto: Acervo pessoal/ND

O que diz a PM sobre homem morto a tiros

A PMSC afirma, em nota, que “instaurou um inquérito” para apurar as circunstâncias do caso. Leia a íntegra abaixo:

“A Polícia Militar de Santa Catarina, através do 21º Batalhão de Polícia Militar, atendeu na manhã desta quinta-feira, 17, no bairro Rio Vermelho, em Florianópolis, uma ocorrência para prestar apoio ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em uma situação envolvendo um homem em surto psicótico.

Durante a primeira tentativa de atendimento, a equipe do SAMU enfrentou dificuldades, sendo recebida com pedradas. Diante da situação crítica, foi solicitado apoio policial para garantir a segurança da equipe e possibilitar um atendimento adequado.

Informações preliminares indicam que o homem em surto, estaria de posse de duas armas branca (faca) e, no momento da abordagem, teria investido contra a guarnição policial militar, tendo sido empregado o uso de força letal, resultando no seu óbito. O 1º Comando Regional de Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar as circunstâncias que envolveram o atendimento da ocorrência.”, diz a nota.

Entenda o caso

A família da vítima acionou o SAMU para auxiliar Guilherme durante um surto psicótico, na manhã desta quinta-feira (17). Segundo eles, Jockyman tentou tirar a própria vida, mas foi contido pelos pais. Em seguida, Guilherme teria se desvencilhado e corrido para a rua – momento em que a irmã ligou para o serviço.

O SAMU, ainda conforma a família, orientou que eles também ligassem para a PMSC. Ao chegar no local, a polícia teria fez disparos contra a vítima. Guilherme foi morto a tiros a 100 metros da casa onde morava.

“Ele andou em direção à PM e eles mandaram se abaixar, então atiraram duas vezes contra o peito. Não foi um tiro nas pernas, para impedi-lo de caminhar. Foram dois tiros para matar”, diz Arthur Jockyman.

Câmeras de segurança da casa de um dos vizinhos registraram a chegada da viatura da polícia e da ambulância do SAMU ao local. Na gravação é possível ouvir os disparos feitos pela PM.


A PM mandou Guilherme se deitar e atirou em seu peito quando ele não obedeceu – Vídeo: Acervo pessoal/ND

Guilherme e a família são naturais de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Ele vivia com a família no bairro Rio Vermelho desde 2022. A vítima tinha uma filha de cinco anos.

**Caso você esteja passando por problemas de saúde mental ou precise de ajuda, o CVV (Centro de Valorização da Vida) atende de forma voluntária e gratuita 24 horas, pelo telefone 188, chat, email. Os CAPs (Centros de Atenção Psicossocial) também oferecem serviços abertos à comunidade.

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