“Estímulos podem tirar credibilidade do Banco Central” diz economista

A credibilidade da política monetária do Brasil está em xeque diante dos constantes estímulos do governo para aquecer a economia. O economista-chefe da ARX Investimentos, Gabriel Barros, afirmou em entrevista ao programa BM&C News que o Banco Central dificilmente cortará os juros em 2025, a menos que ocorra uma capitulação da política monetária frente à dominância fiscal.

Barros destacou que, apesar da expectativa de desaceleração da economia, o volume de estímulos aplicados pelo governo pode comprometer essa tendência, adiando o ciclo de cortes na Selic. “A economia precisa desacelerar para que, no futuro, o Banco Central consiga reduzir os juros de forma sustentável“, pontuou.

Banco Central manterá juros inalterados?

Embora algumas projeções indiquem um esfriamento gradual da economia, Barros avalia que isso não será suficiente para justificar cortes de juros ainda este ano. Segundo ele, a política monetária opera com defasagem, e os impactos do aperto monetário já começaram a afetar linhas de crédito e a atividade econômica como um todo.

Os dados mais recentes revelam uma economia resiliente, ainda que em desaceleração. Em dezembro de 2024, diversos indicadores apresentaram fraqueza, o que levou o mercado a projetar um arrefecimento mais intenso. No entanto, os dados de janeiro mostraram recuperação, e as previsões para fevereiro indicam continuidade desse padrão, afastando o risco de uma desaceleração abrupta.

Estímulos governamentais podem reverter desaceleração

O grande desafio, segundo Barros, é que o governo segue implementando novas medidas para aquecer a economia, dificultando a consolidação do processo de desaceleração esperado pelo Banco Central. “Se os estímulos continuarem, a desaceleração pode ser interrompida e, em algum momento, a economia voltar a acelerar“, alertou o economista.

Para 2025, a projeção de crescimento do PIB está em torno de 2%, o que se distancia das previsões mais otimistas feitas anteriormente. A dificuldade do governo em replicar os estímulos na mesma magnitude dos anos anteriores é um fator que pode limitar esse crescimento. Mas mesmo assim, o cenário não é compatível com um corte na Selic.

Ano eleitoral e incertezas na política econômica

Outro fator que pode influenciar a condução da política monetária é o contexto eleitoral. Com a aproximação do pleito de 2026, o governo pode buscar novas estratégias para impulsionar o crescimento econômico e manter o poder de compra da população. No entanto, caso isso comprometa a disciplina fiscal, o mercado pode reagir de forma negativa, afetando expectativas inflacionárias e pressionando o Banco Central a manter juros elevados por mais tempo.

Para Barros, o desafio é encontrar um equilíbrio entre estímulos necessários e uma trajetória fiscal sólida. “A credibilidade da política monetária está diretamente ligada à previsibilidade das ações do governo. Se o mercado perceber que os estímulos estão sendo utilizados de forma irresponsável, o preço a ser pago será uma inflação mais persistente e juros elevados por mais tempo“, concluiu.

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