Apenas 13 estados do país têm estações automáticas de qualidade do ar, mostra estudo


Relatório é do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). Equipamentos são usados na medição da poluição atmosférica e seus dados orientam políticas de controle ambiental. Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar da UFMS, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
Leandro Benites/AGECOM/UFMS
Apenas 13 dos 26 estados do país contam com estações automáticas de qualidade do ar, equipamentos fundamentais para a avaliação da poluição atmosférica, de acordo com um estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), lançado nesta terça-feira (27).
Segundo a publicação, a maioria das quase 250 estações de monitoramento automático do Brasil está na Região Sudeste (veja gráfico abaixo), e os seus quatro estados lideram – de longe – o ranking de quantidade de estações.
No topo da lista está o Rio de Janeiro, com 65 estações automáticas de monitoramento, seguido por São Paulo, com 62, Minas Gerais, com 54, e Espírito Santo, com 17.

Apesar disso, ainda de acordo com o estudo, quando critérios técnicos são levados em conta, mesmo estados com redes mais robustas, como São Paulo e Minas Gerais, apresentam déficit significativo de estações.
Isso acontece porque áreas com maior concentração de poluentes, alta densidade populacional e fontes potenciais de emissões (como o gás carbônico) exigem um monitoramento mais preciso.
Como a União Europeia e os Estados Unidos têm metodologias diferentes para avaliar esses números, no estudo, os pesquisadores comparam o cenário brasileiro com cada um desses quadros.
Considerando o critério americano, Santa Catarina lidera a lista com um déficit de seis estações, seguida por Goiás, Paraíba e Minas Gerais, cada um com três estações a menos do que deveria.
No entanto, quando o critério europeu é adotado, Santa Catarina passa a apresentar um déficit de 15 estações, enquanto Minas Gerais registra um déficit de dez, e São Paulo, de 22 (veja gráfico abaixo).
“O estudo mostra que a quase totalidade dos estados tem monitoramento insuficiente. Apenas o Espírito Santo cumpriu com as quantidades mínimas requeridas, aplicando-se os critérios dos Estados Unidos e da Europa”, explica Helen Sousa, pesquisadora do IEMA e autora da análise.

Com isso, segundo os cálculos do IEMA, o Brasil necessita de pelo menos mais 138 ou 46 estações de monitoramento da qualidade do ar automáticas, seguindo o critério da União Europeia e dos Estados Unidos, respectivamente.
Na publicação, os autores do estudo ainda destacam que em 2020, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgou os resultados de um pregão eletrônico que apontava um custo estimado de cerca de 12 milhões de reais para a aquisição de 34 estações automáticas de monitoramento.
Com base nesse montante, cada estação teria um custo médio de aproximadamente 350 mil reais.
Considerando este custo como referência, seria necessário um investimento entre 16 e 49 milhões de reais para estabelecer um número mínimo de estações de monitoramento do ar no Brasil. Estimativas essas calculadas também conforme os critérios adotados nos cenários dos Estados Unidos e da Europa, respectivamente.
Esse valor é chocantemente baixo se comparado a outros investimentos públicos no Brasil. Os montantes anuais gastos na área da saúde justamente devido a problemas respiratórios estão na casa do bilhão. Investir na gestão da qualidade do ar gerará economia ao evitar esses problemas.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.