
No Dia Internacional da Mulher, g1 compartilha a história de duas profissionais de Uberlândia que provaram ser possível retomar as rédeas da vida e alcançar a liberdade financeira depois da separação. Relva Morais voltou a estudar e conquistou carreira na área da saúde depois dos 40 anos
Reprodução/Arquivo pessoal
“Você não conseguirá viver sozinha. Espero que você passe fome”. Palavras como essas, ditas por um homem na posição de chefe de família, poderiam abalar profundamente muitas mulheres no fim de um casamento. Mas para Relva Maria Silva de Morais, de 55 anos, moradora de Uberlândia, essas ameaças se tornaram combustível para sua determinação em recomeçar.
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O relacionamento de quase duas décadas começou a dar sinais de que não daria mais certo depois que a família se mudou para Uberlândia.
“Ele começou a ganhar dinheiro e mudou completamente. Do nada me disse que não queria ficar mais casado, para curtir a vida. Quando me separei, ele falou que eu não iria dar conta de viver sozinha, desejou que eu e nossa filha passássemos fome. Quantas noites eu ficava sem dormir, pensando como eu ia fazer”, contou.
As humilhações e as ameaças do ex-marido foram difíceis de serem digeridas, sem dúvidas, mas também inflamaram a força de vontade da mineira para mudar de vida.
A saída foi voltar a sentar na cadeira de estudante depois dos 40 anos para sair dali o próprio sustento. Primeiro realizou o curso de cuidadora de idosos e depois o de técnico em enfermagem.
“Foi muito difícil porque fiquei muito tempo sem estudar, achei que não iria dar conta. Mas, no meu íntimo, eu falava comigo mesma que iria vencer”.
Venceu. Quem a conhece sabe e a admira muito por isso.
Relva hoje tem uma carreira sólida de técnica em enfermagem e trabalha em uma empresa de home care, em Uberlândia, que presta serviços de enfermagem domiciliar 24h.
Ressignificando o divórcio
A sexóloga especialista em intimidade feminina, Aline Serafim, de 41 anos, também passou por um processo intenso de reestruturação, não só na vida financeira.
A batalha pela autonomia foi acompanhada de dor e traumas emocionais.
Aline Serafim buscou ajuda profissionar para reorganizar as finanças pós-divórcio
Reprodução/Arquivo pessoal
Após sofrer dois abortos espontâneos, ela precisou ficar mais reclusa. Além de se afastar do cargo público que tinha, viu os atendimentos reduzirem, enfrentando uma queda drástica na renda.
Até então, era o marido quem assumia os compromissos financeiros da casa. Quando Aline estava tentando se reerguer, emocional e financeiramente, veio o divórcio.
A separação aconteceu no dia 10 de dezembro de 2023 e, três dias depois, ela ainda se consultava para saber o resultado dos exames, na tentativa de descobrir a causa da gravidez interrompida.
“Não foi uma decisão minha o divórcio nesse momento. Se fosse para eu tomar essa decisão, eu iria me restabelecer primeiro. Então foi uma rasteira mesmo naquele momento, mas eu estou ressignificando tudo que aconteceu”, comentou Aline.
As mulheres já não choram, as mulheres faturam
A cantora Shakira, latina e milionária, se tornou um símbolo de empoderamento feminino e de independência financeira após se divorciar do ex-futebolista Gerard Piqué.
Repetida por ela várias vezes durante a sua mais recente turnê mundial, a frase “as mulheres já não choram, as mulheres faturam” nunca teve um significado tão profundo para tantas mulheres.
Assim como a diva pop, Relva e Aline são exemplos do cotidiano feminino que provam como, mesmo nos momentos mais desafiadores, é possível dar a volta por cima e reescrever a própria história, e de preferência, faturando.
“Hoje eu olho para trás, há 11 anos, não acredito que passei por tantas coisas difíceis. Já troquei meu carro duas vezes, fiz reforma na casa, viagens. Nós mulheres damos conta, sim, de viver sozinhas. Basta ter foco no que quer e pensar que as dificuldades não duram eternamente”, disse orgulhosa a técnica em enfermagem ao relembrar as conquistas.
O processo de separação de Aline precisou de intervenção judicial para fazer a revisão de partilha de bens e das dívidas. A burocracia, no entanto, não atrapalhou a sexóloga.
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Ela procurou ajuda especializada para organizar as finanças pessoais e, finalmente, começar a anotar suas conquistas.
“Foi um ano de reorganização mesmo. Só que fiz minha primeira viagem sozinha, para o Rio de Janeiro. Eu me presenteei no meu aniversário. Fiquei num lugar bom, fiz tour com agência de turismo e foi um momento de total autonomia, que eu considero uma conquista financeira e pessoal também”, celebrou.
A sexóloga trabalha diretamente com o público feminino e aproveita seu lugar de fala para inspirar outras mulheres a buscar a liberdade financeira.
“A gente precisa ter a consciência de que é importante buscar independência financeira e independência emocional, que andam lado a lado. A gente não tem muito essa cultura de se planejar financeiramente, mas precisamos estar preparadas”, finalizou.
4 passos essenciais para a independência financeira
A advogada e planejadora financeira, Cleicia Regina, defende que a indendência financeira é um pilar importante para a liberdade e autonomia das mulheres.
Ao g1, ela esclareceu alguns passos importantes para reorganizar as finanças pessoais de forma flexível e assertiva. Assista ao vídeo abaixo.
Descubra os 4 passos essenciais para conquistar a independência financeira
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