Morte de criança após balanço despencar no Rio: veja o que dizem depoimentos de síndico e funcionários de condomínio


Delegacia afirmou que vai procurar responsáveis por autovistoria feita em 2024 dentro do condomínio onde o acidente aconteceu. Criança morreu após queda de pilastra que sustentava balanço em condomínio no Recreio
Reprodução/TV Globo
Funcionários do condomínio onde uma criança morreu após ser atingida pelo pilar de um balanço, na Zona Oeste do Rio, contaram à Polícia Civil que, desde 2022, foram feitas três manutenções na estrutura em que aconteceu o acidente.
No caso mais recente, um dos funcionários afirma ter trocado todas as madeiras dos pilares de concreto em dezembro de 2024. A informação foi confirmada por outros empregados ouvidos nesta sexta-feira na delegacia.
Um dos trabalhadores, que trabalha na manutenção do condomínio, relatou à 42ª DP (Recreio) disse que, há três anos, ele e outros três funcionários lixaram e envernizaram a madeira do redário, que é a estrutura de quatro pilares utilizados para segurar uma rede.
A estrutura, que fica em um local chamado pelos funcionários de Espaço Zen, estava sendo usada como balanço pelas crianças quando Maria Luísa Oldembergas, de 7 anos, foi atingida e morreu no local. O Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-RJ) afirmou que não houve a contratação de um engenheiro para realizar a obra da estrutura.
O síndico do prédio, Luciano Bonfim, confirmou à 42ª DP que mandou funcionários fazerem um novo revestimento de madeira nos pilares. O delegado responsável pela investigação, Alan Luxardo, também citou que vai pedir os documentos da autovistoria feita pelo condomínio em 2024.
“Tudo deve ser vistoriado, todas as partes estruturais do prédio, e o redário não deixa de ser uma parte de estrutural porque é feita para aguentar peso. Então tudo isso vai ser verificado, o responsável pela empresa e o engenheiro que assinou o laudo serão intimados para depor”, disse o delegado.
Síndico de prédio onde criança morreu após balanço despencar é ouvido pela polícia
O funcionário ainda disse que repetiu o mesmo procedimento de lixar e envernizar a estrutura há um ano, e que em dezembro de 2024 trocou todas as madeiras dos quatro pilares utilizados para sustentar a rede.
Segundo o funcionário, antes desta troca, todas as madeiras dos pilares estavam “podres”. Ele afirma ter pedido à administradora Caroline para autorizar o orçamento necessário para a manutenção.
Em depoimento, Caroline Ramos afirmou que o espaço sofreu duas reformas desde 2020, e confirmou a realização dos mesmos procedimentos citados pelo funcionário.
Em suas declarações, Pedro diz ter apenas aparafusado as madeiras novas no lugar das antigas, sem analisar o peso do material que estava sendo colocado no pilar e se o material seria compatível com a estrutura.
O funcionário ainda comentou que, caso a pilastra caísse, não seria de sua atribuição colocá-la no lugar. Ele afirmou à polícia que não se lembrava de outra situação em que o pilar tenha caído.
Relembre o caso
Vídeo mostra momento em que pilastra atingiu e matou criança no Recreio
A menina Maria Luísa brincava com outras crianças no balanço do condomínio Puerto Madero quando uma das pilastras de concreto caiu sobre ela. Um vídeo registrou o acidente (veja abaixo).
As imagens de câmeras de segurança mostram duas meninas mais velhas empurrando o balanço com quatro meninas menores no brinquedo. De repente, uma das pilastras cede e cai em cima da cabeça de Maria Luísa.
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Segundo o delegado Alan Luxardo, responsável pelas investigações, a delegacia vai fazer uma linha do tempo para saber se a estrutura sofreu alterações e reformas e desde quando ela está naquele local.
“Será preciso fazer um retrospecto para verificar essa informação de quando aquilo foi construído, para depois analisar o tipo de reformas que sofreu ao longo do tempo”, afirmou.
O caso está sendo investigado como homicídio culposo — quando não há intenção de matar.
“Que houve algum erro, houve. O que tem que ser analisado é se houve um erro no projeto, se é que havia projeto, na execução do projeto ou na manutenção. E se a gente achar um erro em qualquer uma das fases, todos serão responsabilizados criminalmente”, falou Luxardo.
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