Brasileira que sobreviveu ao furacão Irma relata preparativos para enfrentar Milton

A previsão é o furacão emita ventos que ultrapassem os 160 km/hReprodução

A Flórida (EUA) se prepara para enfrentar um dos furacões mais fortes de sua história: o furacão Milton, que já atingiu a categoria 5 antes de enfraquecer para a 4 nesta terça-feira (8). A previsão é que os ventos ultrapassem os 160 km/h. Entre os locais mais afetados, está cidade de Tampa, que pode enfrentar enchentes devastadoras. 

Jane Castor, prefeita da cidade, fez um alerta aos moradores que optarem por ficar em zonas de evacuação enquanto o furacão Milton avança em direção à costa oeste do estado.

A brasileira Allex Barcellos, de 27 anos, mora em Pompano Beach, a 45 minutos de Miami. Ela compartilhou como está lidando com os preparativos para a chegada da tempestade. 

“Aqui onde estou, ainda está tranquilo, mas tem muita chuva. Já chove desde o fim de semana, mas não começou a ventar forte ainda”, diz Allex, que trabalha como vendedora em uma corretora de seguros de saúde.

Allex conta que os noticiários alertam para que os ventos começem a se intensificar a partir desta quarta-feira (9). Segundo ela, o governo emitiu comunicados para que os moradores de Pompano Beach se preparem. 

“Dependendo do condado, as pessoas recebem orientações sobre os preparativos. Onde moro, algumas escolas e empresas já fecharam. Recomenda-se abastecer os carros, ter gasolina extra para quem consegue armazenar em local seguro e um gerador de energia, porque dependendo da área, pode faltar luz”, explica.

Allex também afirma que o governo local pede para os cidadãos fazerem estoques de comida preparada, como atum em lata, por exemplo. 

“As pessoas também falam para comprar bateria para as lanternas e velas para o caso de ficar sem luz”, completa.

Segundo os meteorologistas, a região onde Allex mora não será afetada pelo furacão Milton no primeiro momento, porém, o fenômeno pode mudar de rota. Por isso, autoridades de todo o estado se preparam para a chegada do furacão.

As regiões em roxo mostram os locais onde o furacão irá passar. Regiões vermelhas e amarelas tem risco de fortes tempestades tropicaisSite weather

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Eles irão para bunkers?

Allex comenta que o estado da Flórida é no nível do mar, o que dificulta a construção de abrigos subterrâneos. “Se a gente cavasse um banker, íamos parar embaixo da água”, diz.

“A maior preocupação do estado é que ele é cercado pelo mar [Golfo do México e Oceano Atlântico]. Quando vem um furacão, como está acontecendo em Tampa, eles tem uma previsão de quanto de água vai entrar na cidade. Uma ressaca de 10 a 15 pés [cerca de 3 a 4,5 metros]. Então, cobre até uma casa de dois andares. Esse é um grande perigo, porque você pode ser levado pela água e se afogar”, ressalta Allex.

Diferente do furacão, o tornado vem de repente. Allex comenta que estão acompanhando a chegada do furacão Milton há quatro dias, o que dá tempo para algumas regiões conseguirem se preparar e minimizar alguns danos. 

“O tornado desce do céu de uma vez só para destruir tudo. Então, Kansas, Oklahoma e Kentucky são os estados nos Estados Unidos que você irá ver mais bunkers, aqui (Flórida) não tem”, diz Allex.

Sobrevivendo ao furacão Irma

Allex nasceu nos Estados Unidos, mas se mudou ainda bebê para o Recreio dos Bandeirantes, o bairro da cidade do Rio de Janeiro. Após alguns anos, os seus pais decidiram se mudar para a Flórida, em 2006. Ela tem dupla cidadania: americana e brasileira.

De lá para cá, a jovem conta que é comum temporadas de furacões e que já viveu experiências parecidas com os sinais de alertas de tempestades e desastres naturais.

“Em 2017, ele [Furacão Irma] veio no lado do oceano Atlântico e não do lado do Golfo [do México]. Eu não esperava tanto estrago, mas foi bem feio. No local em que eu estou morando agora, a praia entrou 1,5 milha para a cidade [cerca de 2 km]. O resort que o meu pai trabalhava foi aniquilado, tiveram que derrubar ele depois”, comenta sobre a experiência.

Allex lembra que o Furacão Irma não ia atingir a região, mas mudou sua trajetória de repente. 

“Acabou derrubando muita árvore, teve gente que ficou presa, choveu muito. Fiquei três dias sem luz, então foi bem tenso”, diz.

Os furacões aparecem em épocas bem quentes do ano. É quando o ar frio que vem da atmosfera e o calor que vem do mar formam uma pressão atmosférica muito forte, provocando tempestade. 

“O problema do furacão é que não é porque está chovendo e ventando muito que fica frio, pelo contrário, fica bem quente, então fica um mormaço terrível”. 

Segundo Allex, a Flórida é muito “comparável ao Rio de Janeiro com questão de temperatura”.

Se preparando para o furacão Milton

Por já ter vivido outras experiências, Allex diz se sentir tranquila, mas espera que o furacão não mude a trajetória para sua região.

“Ainda não fui fazer uma compra preparativa, vou deixar para fazer isso mais a tarde e amanhã, porque fui ver a praia e não tem nenhuma onda, está tranquilo. A ventania vai chegar amanhã e vamos ver como vai ser”.

A jovem de 27 anos diz que está acompanhando a todo momento as notícias sobre a cidade de Tampa, onde moradores estão tendo que deixar as suas casas às pressas. 

“Tenho alguns conhecidos que levaram cinco horas para sair da cidade de carro”, relata.

A jovem comenta que os moradores de Tampa estão indo para fora do estado, por isso, o fluxo de pessoas não tem mudado. Entretanto, animais de adoção começaram a chegar em Pompano Beach vindo das regiões de risco. 

“Como o furacão pode mudar de direção, as pessoas estão preferindo ir para fora do estado, do que descer para outras cidades. As pessoas estão indo para Georgia, Alabama, porque a probabilidade do furacão ir para lá é menor”, conta Allex.

A jovem demonstrou preocupação ao pensar na probabilidade de evacuar a cidade para ir em direção a outro estado, o que levaria oito horas de carro. 

“Se eu precisasse evacuar amanhã, seria bem difícil. Se já são oito horas sem trânsito, imagina com a cidade inteira indo na mesma direção”, diz.

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