‘Moço, pelo amor de Deus, não faz isso não’: menina que voava de parapente fala sobre morte do piloto durante o voo em MG

De acordo com o Samu, a causa mais provável da morte de Gilberto Araújo foi infarto. Menina que voava de parapente fala sobre morte do piloto durante o voo em MG
O Fantástico deste domingo (18) conversou com a menina de 13 anos que acompanhava o piloto que morreu durante um voo de parapente em Minas Gerais. O parapente desceu rapidamente uma altura de 20 metros e caiu nos galhos de uma árvore. Dafiny teve apenas arranhões no corpo.
“A Serra tem meio que uma igrejinha lá católica, a gente foi deu a volta na igrejinha e voltamos. Na hora que nós voltamos ele falou a última coisa comigo: ‘É muito bom, não precisa ter medo’. E nessa hora ele já parou de falar. Aí na hora que eu vi ele já estava com o olho aberto sem respirar, eu falei: “Moço, moço!’ Bati na cara dele de leve, falei: ‘Moço, pelo amor de Deus, não faz isso não”.
‘Eu vou realizar o sonho dela’
Dafiny e a mãe Karine vendiam bombons na Serra de Santa Helena, ponto mais alto da cidade, quando a menina conheceu o Gilberto, piloto de parapente com mais de 20 anos de voos nessa região.
“Ele foi a primeira pessoa que eu ofereci um cone. Eu falei: ‘Oi, tudo bem?’. Ele até comprou um cone na minha mão, falou que era uma delícia, comeu lá na minha frente. E me deu uma caixinha de R$ 10. Eu fiquei tão feliz, eu falei: ‘Meu sonho é andar nisso… Eu falei assim: quanto que está?’. Ele falou assim: ‘R$ 250, 300’. Eu falei: “Um dia eu vou andar. Vou juntar dinheiro, vou vir aqui e vou andar.’”
Gilberto Araújo pediu a autorização da Karine para que Dafiny pudesse voar.
“A senhora deixa ela voar? Eu vou realizar o sonho dela”.
Em algum momento entre o pedido de ajuda e o pouso forçado, Gilberto morreu. De acordo com o Samu, a causa mais provável foi infarto.
Um piloto de parapente viu as imagens. Ele acha que, mesmo passando mal, Gilberto ajustou o rumo do voo, e que isso pode ter salvado a menina.
“Por ele ter direcionado o parapente pra uma área segura numa área que é considerada próxima de uma área de pouso deles, eu acho que ele teve uma decisão assim final que acabou colaborando”, diz Davison.
O que diz a Agência Nacional de Aviação Civil
A ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil – recomenda a filiação de pilotos e instrutores à Confederação Brasileira de Voo Livre, mas essa filiação não é obrigatória. Gilberto Araújo não era filiado à confederação.
Também não são obrigatórias as orientações da confederação aos seus associados, relativas à formação e treinamento dos pilotos e a procedimentos de segurança dos voos, que incluem, por exemplo, o uso de capacete. Pelo menos no seu último voo, Gilberto estava sem capacete.
Ainda muito abalada, a mulher de Gilberto não quis conversar com o Fantástico.
Veja a reportagem completa abaixo:
Piloto que morreu em salto de parapente em MG ofereceu voo para menina: ‘Eu vou realizar o sonho dela’
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