Abelha corta-folha é solitária e não produz mel; veja vídeo do comportamento


Cerca de 80% das 20 mil espécies de abelhas não vivem em colônias. Insetos da família Megachilidae usam pedaço de folha para revestir o ninho. Abelha corta-folha é solitária e não produz mel; veja vídeo do comportamento
Como uma artista, toda delicada, a fêmea da abelha solitária da família Megachilidae corta pedaços de folha para revestir o ninho que receberá os ovos e, posteriormente, os novos insetos. É daí que surge o nome popular: abelha corta-folha.
O comportamento foi flagrado no início do mês pelo biólogo José Valério Gentil Escrig, no campus da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista.
“Foi em uma dessas caminhadas pelo campus para observar a borda de uma mata, que sempre me traz espécies bem interessantes e únicas”, conta.
“Enquanto buscava insetos escondidos debaixo de uma folha de lírio do brejo, vi uma pequena abelha rodeando a folha vizinha, pousando e realizando um corte, voando com seu pedacinho. Pouco tempo depois ela retornou e consegui filmar o comportamento, maravilhado por ter tido essa oportunidade”.
Abelha corta-folha fotografada no México
Martín Ceja/iNaturalist
Pode parecer estranho, mas, de acordo com a bióloga e especialista em abelhas Yara Roldão, a maioria das espécies de abelhas existentes não produzem mel e nem vivem em colônias organizadas com rainhas e operárias. Cerca de 80% das 20 mil espécies existentes são solitárias.
A abelha flagrada por José é uma delas. “As abelhas solitárias vivem sozinhas e são responsáveis por tudo. A fêmea cria o próprio ninho ou acha uma cavidade pré-existente, coleta itens para forrar a estrutura, assim como pólen e néctar para servir de alimento. Depois de botar os ovos, fecha o ninho e vai embora, deixando as futuras abelhas se desenvolverem sozinhas”, explica Yara.
Abelha corta-folha em folha de manjericão fotografada pelo José Escrig
José Escrig
No caso das abelhas corta-folhas da família Megachilidae, o ninho costuma ser em buraquinhos nos troncos e são forrados por pedaços de folhas e também restos vegetais. Geralmente, a fêmea bota de três a cinco ovos.
São insetos encontrados facilmente, principalmente em áreas abertas. A fêmea é a única que possui ferrão e, assim que nasce, já encontra um macho para se reproduzir.
Abelha corta-folha foi fotografada entrando no ninho
Claus Bach
As abelhas solitárias possuem uma enorme importância para o ecossistema e para a agricultura, à medida que são ótimas polinizadoras. No Brasil, outros exemplos bem conhecidos de abelhas solitárias são as mamangavas e as abelhas de orquídeas.
“Eu sou um grande entusiasta e incentivador dos cuidados aos nossos polinizadores, plantando em meu jardim espécies que sei que vão atraí-los e ajudá-los a se alimentar em meio a uma cidade tão complexa. Conseguir ver esse pequeno animal em ação foi muito gratificante”, finaliza José.
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