Sagui albino aparece em quintal de casa no interior de SP; fotos


Há cerca de um ano, Fátima Aparecida Roder tem recebido a visita do animal no quintal da casa onde mora, no bairro Engordadouro, em Jundiaí (SP). Moradora diz que sagui foi rejeitado pelo bando e formou nova família. Sagui albino chamou atenção da Fátima, que passou a acompanhar as visitas do animal no quintal da sua casa, em Jundiaí (SP)
Fátima Aparecida Roder
Há cerca de um ano, uma moradora do interior de São Paulo tem recebido em seu quintal uma visita um tanto quanto diferente: um sagui albino. Segundo especialistas, a condição, que o deixa com a pelagem clara por falta de pigmentação, é considerada rara.
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A presença do animal mexeu com a rotina de Fátima Aparecida Roder, que mora no bairro Engordadouro, em Jundiaí (SP), área com várias chácaras.
Por ser todo branco, o animal se destacou entro o bando e chamou atenção da Fátima. “Sempre morei aqui e é a primeira vez que vejo [dessa cor]”, conta.
A coloração diferente fez com que Fátima passasse a diferenciar o sagui do restante do grupo. E com isso, ela relata que percebeu que, depois de um tempo aparecendo junto com o bando, o animal passou a visitar o local sempre sozinho.
“Parece que foi rejeitado pelo bando por ser diferente. Depois de um tempo sozinho, ele apareceu com uma fêmea, que não é albina. E aí surgiu um filhote. Agora ele formou o próprio bando”, conta.
Sagui albino chamou atenção da Fátima, que passou a acompanhar as visitas do animal no quintal da sua casa, em Jundiaí (SP)
Fátima Aparecida Roder
De acordo com o biólogo Rafael Mana, a rejeição de animais diferentes é frequente na natureza.
“Principalmente quando é um animal é leucístico, albino ou melânico. Eles acabam sendo rejeitados, principalmente pelos primatas. Então pode ter ocorrido isso no caso deste sagui”, explica.
Rafael comenta que, pelas imagens, não é possível saber se é um sagui-de-tufo-branco ou um sagui-de-tufos-pretos, já que o animal é albino.
Moradora de Jundiaí recebe ‘visita’ de sagui albino
Outra aparição
Em 2020, um macaco com pelos brancos também chamou atenção de moradores em Jundiaí.
De acordo com a prefeitura, o animal pertencia a um grupo de saguis-de-tufo-branco (Callithrix jacchus) que habitavam o Jardim Botânico. Conforme a prefeitura, o animal foi classificado como leucístico, condição genética que torna brancos alguns animais que, normalmente, seriam escuros.
Ainda de acordo com a prefeitura, o registro de 2018 foi feito pela equipe do Jardim Botânico, anos antes dos moradores perceberam a presença do animal. Desde então, ele passou a visitar o espaço com frequência.
Segundo a prefeitura, não é possível afirmar se o animal flagrado pela Fátima é o mesmo encontrado há alguns anos no Jardim Botânico.
“Trata-se de uma espécie rara, não sendo descartada a possibilidade de ser o mesmo animal pela raridade da espécie e por ter tempo de vida entre média e longa. Não é uma espécie que se reproduza com facilidade e quando acontece, nem sempre tem a capacidade de nascer outro indivíduo albino.” informou em nota.
🐒🦁🐆 Albinismo, leucismo e melanismo
Conforme o biólogo Rafael, tanto o albinismo, leucismo, melanismo, são alterações nos cromossomos dos humanos ou dos animais.
Apesar de serem condições semelhantes, o leucismo e o albinismo se diferem em algumas caraterísticas.
“No albinismo, o individuo tem olho rosa, aquele olho sem pigmento, o nariz também não tem pigmento. Quando ele é um animal leucístico, ele tem uma variação genética, mas ele não tem essas características totais. Tem uma pelagem muito mais clara que um animal normal, mas os olhos têm coloração normal, a narina normalmente tem coloração, as palminhas das patas têm coloração normal. O albino não, ele é descolorido totalmente”, diz.
Já o melanismo é uma mutação que eleva a produção de melanina, proteína presente no corpo responsável pela pigmentação preta, conforme explica o biólogo.
“É uma variação genética que deixa o animal muito escuro. Ele pode ser totalmente preto, ele pode ser só mais escuro que o normal, que é o que acontece com onças-pretas, no caso, é a onça-pintada inteira preta. Na verdade, é a mesma espécie, mas uma delas tem melanismo.”
Onças-pintadas melânicas registradas no Cerrado
Eduardo Fragoso/Onçafari
Espécie rara e exótica
Samuel Oliveira, coordenador de comunicação da Associação Mata Ciliar, em Jundiaí, explica que há duas espécies de sagui que são nativas da região: o sagui-de-tufo-preto e o sagui-da-serra-escuro. Já os saguis-de-tufo-branco não são naturais do interior paulista, mas sim da região nordeste do país.
“Chegaram até aqui pois há muitas pessoas que compram como animal de estimação e depois descartam na natureza. Eles são considerados exóticos na região e são um problema para a biodiversidade local, pois competem com os nativos e desequilibram o ecossistema.”
Conforme Samuel, além do sagui albino, a Mata Ciliar tem conhecimento de um gato-do-mato melânico na Serra do Japi. “São condições genéticas que afetam diversas espécies. É uma alteração genética que deixa a coloração diferente”, explica Samuel.
🍌🍎 Pode dar comida?
Segundo Samuel, o ideal é não alimentar os animais silvestres, pois quando eles são alimentados por humanos, deixam de buscar alimento na natureza e ficam dependentes da comida oferecida.
“Outro problema é que boa parte das pessoas dão comida ruim para eles, como biscoitos, pão e salgadinho, que tem muito sódio, açúcar ou gordura, o que para eles é muitas vezes fatal em altas doses. Mesmo uma fruta como banana, que uma pessoa come e dá metade para o animal, pode transmitir doenças perigosas para eles como e herpes. É uma atitude que parece ser boa, mas prejudica os animais”, afirma.
Não chegar perto também é uma orientação. “Os primatas começam a se sentir confortáveis chegando perto e, em alguma situação, ao se sentirem ameaçados, podem atacar a pessoa e machucar gravemente”, explica.
A prefeitura reforça que “as pessoas que verificarem a presença deste animal ou de outros animais silvestres devem apenas observar, sem fazer contato próximo ou oferecer alimentos, pois o animal voltará naturalmente ao seu habitat”.
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