
O novo pacote de medidas do governo Lula para conter a inflação dos alimentos gerou preocupações no mercado financeiro. Anunciado recentemente, o plano inclui a isenção de impostos sobre a importação de itens como carne, café e açúcar. A intenção é aumentar a oferta interna e conter a alta dos preços. No entanto, especialistas alertam que os impactos da medida podem ser limitados e trazer reflexos para os investimentos no Brasil.
Pacote contra a inflação pode ser pouco efetivo
Para Guilherme Sousa, economista da Ativa Investimentos, a iniciativa do governo tem eficácia questionável, já que os preços dessas commodities são definidos no mercado global.
“Como é uma isenção na importação, ela acaba tendo um impacto limitado porque, como é uma commodity transacionada no mercado mundial, o preço internacional acaba interferindo mais do que as políticas internas, e o Brasil é um grande exportador dessas commodities”, explica Sousa.
Ou seja, mesmo que haja isenção na importação, os preços podem não cair de forma significativa, já que o Brasil exporta grande parte desses produtos. Assim, a disponibilidade interna não deve sofrer mudanças expressivas, o que pode fazer com que a medida tenha pouco efeito no controle da inflação.
Efeito fiscal preocupa investidores
A principal preocupação dos investidores em relação ao pacote é o impacto fiscal. O governo ainda não detalhou como pretende compensar os custos dessas medidas, o que pode aumentar o déficit público e afetar a credibilidade do Brasil no cenário econômico global.
Caso o equilíbrio das contas públicas seja comprometido, há o risco de alta nos juros para conter os efeitos inflacionários. Com isso, o crédito se torna mais caro, dificultando novos investimentos no país.
Além disso, a desconfiança do mercado pode influenciar a taxa de câmbio, resultando na desvalorização do real frente ao dólar. Isso geraria um efeito contrário ao desejado, já que a alta do dólar encarece os produtos importados e pressiona ainda mais a inflação.
Cenário exige cautela
Diante desse ambiente de incertezas, os especialistas recomendam prudência. Guilherme Sousa destaca que, no atual cenário, os investidores devem buscar opções mais seguras para minimizar os riscos.
“Como ainda não se sabe até onde vai essa alta dos juros, acreditamos que o ideal seja investir em ativos pós-fixados. É um momento de cautela dos agentes para tentar mitigar os riscos, que são muitos”, alerta o economista.
A projeção da Ativa Investimentos para a taxa de câmbio ao longo do ano é de R$ 5,80 por dólar, um patamar próximo ao atual. Isso indica que o mercado já precificou boa parte das incertezas econômicas, mas novas medidas do governo ou mudanças no cenário externo podem gerar volatilidade.
Como o investidor deve se posicionar?
O pacote de combate à inflação anunciado pelo governo Lula visa aliviar a pressão sobre os preços dos alimentos, mas pode ter um impacto fiscal preocupante. A possibilidade de aumento no déficit público e incertezas sobre os juros tornam o ambiente econômico mais desafiador para os investidores.
Diante disso, a recomendação é apostar em ativos mais seguros e acompanhar de perto as movimentações do governo e do Banco Central. A estabilidade fiscal será um fator decisivo para garantir um cenário econômico mais previsível e favorável aos investimentos no Brasil.
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