G20: encontro de chanceleres termina com consenso sobre discutir mudanças na estrutura da ONU, diz Mauro Vieira


Uma das propostas defendida pelo Brasil é a inclusão de novos países no Conselho de Segurança, principalmente da América Latina, do Caribe e da África. G20: encontro de chanceleres termina com consenso sobre discutir mudanças na estrutura da ONU, diz Mauro Vieira
Jornal Nacional/ Reprodução
A guerra em Gaza e a ação militar israelense em Rafah foram assuntos do segundo e último dia de encontro de chanceleres do G20 no Rio de Janeiro.
Quarenta e cinco delegações – entre países membros do G20, convidados e organizações internacionais – agora se preparam para deixar o Rio de Janeiro. No fim do encontro, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, disse que as reuniões foram produtivas. Os países expressaram posições em relação conflitos mundiais. Segundo o chanceler brasileiro, muitos condenaram a guerra na Ucrânia e demonstraram preocupação com possível alastramento dos conflitos na Faixa de Gaza.
“Muitos se posicionaram contrariamente à anunciada operação de Israel em Rafah, pedindo que o governo de Israel reconsidere e suspenda imediatamente essa decisão. Destacou-se, ademais, virtual unanimidade no apoio à solução de dois Estados como sendo a única solução possível para o conflito entre Israel e Palestina”, disse Mauro Vieira.
Nesta quinta-feira (22), a discussão girou em torno da urgência de mudanças na estrutura das organizações multilaterais como Banco Mundial, FMI, Organização Mundial do Comércio e a ONU.
Os chanceleres passaram cerca de 10 horas reunidos em uma sala. Segundo o ministro Mauro Viera, o encontro terminou com um consenso entre os países sobre a necessidade de discutir mudanças na estrutura da ONU, principalmente no Conselho de Segurança. Uma das propostas defendida pelo Brasil é a inclusão de novos países no conselho, principalmente da América Latina, do Caribe e da África.
“Houve consenso quanto à essencialidade da organização para a paz, a essencialidade da ONU, da organização para a paz e a segurança e para a promoção do desenvolvimento sustentável. Por isso, todos mencionaram a necessidade de se conferir impulso às discussões sobre a reforma da organização, em especial do seu Conselho de Segurança”, diz o chanceler brasileiro.
Em uma entrevista coletiva, o secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, confirmou o apoio dos Estados Unidos a mudanças na ONU e afirmou que a organização e o Conselho de Segurança precisam incluir novos países para refletir melhor a realidade atual.
Blinken afirmou também que trabalha com o Brasil por um futuro melhor e que os dois países lideram o combate às mudanças climáticas.
Sobre a guerra na Ucrânia, o secretário de Estado americano disse que há um apelo geral para que as agressões russas parem e que se restabeleça a paz, garantindo que os ucranianos possam decidir seu próprio futuro e preservar a integridade do seu território.
Em uma entrevista restrita à imprensa russa, Sergei Lavrov, chanceler da Rússia, falou que houve uma tentativa – que ele considerou falida – do Ocidente de “ucranizar” os debates.
Normalmente, os chanceleres se reúnem uma única vez a cada edição do G20. Agora, na presidência rotativa, o Brasil propôs um segundo encontro. O ministro Mauro Vieira confirmou que uma nova reunião vai acontecer em Nova York, na ocasião da abertura da Assembleia Geral da ONU deste ano.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, também se posicionou, mas convocou apenas a imprensa russa para uma coletiva. Reclamou que os debates sobre a guerra na Ucrânia foram pró governo ucraniano e com acusações infundadas contra a Rússia.
Um novo encontro entre os chanceleres já tem data marcada. Eles voltam a se reunir em setembro, em Nova York, na ocasião da abertura da Assembleia Geral da ONU. Até lá, levam o compromisso de se dedicar às propostas discutidas no Rio.
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