Líbano pede ação da ONU para acabar com ‘guerra tecnológica’ de Israel

A Assembleia Geral da ONUBryan Smith

O primeiro-ministro do Líbano pediu, nesta quinta-feira (19), uma ação da ONU para acabar com a “guerra tecnológica” de Israel, país que acusa de estar por trás das explosões de aparelhos de comunicação de integrantes do Hezbollah que deixaram pelo menos 37 mortos em dois dias.

Hassan Nasrallah, líder do movimento islamista libanês, pró-Irã e aliado do Hamas palestino, fará um discurso nesta quinta-feira sobre as explosões de terça e quarta-feira que, além das 37 vítimas fatais, deixaram quase 3.000 feridos, segundo o Ministério da Saúde libanês.

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A ONU deveria adotar em sua reunião de sexta-feira, quando pretende debater a questão das explosões, uma “posição firme para interromper a agressão israelense contra o Líbano e a guerra tecnológica que está travando”, afirmou Najib Mikati em um comunicado.

Na terça-feira, as explosões simultâneas de centenas de pagers, um aparelho de comunicação utilizado pelo movimento islamista pró-Irã, mataram 12 pessoas, informou o ministério.

Um dia depois, uma segunda onda de explosões, contra walkie-talkies, deixou 25 mortos, segundo um balanço atualizado pelo ministério nesta quinta-feira.

O Hezbollah anunciou nesta quinta-feira a morte de 20 integrantes nas explosões dos walkie-talkies, atribuídas a Israel.

O governo de Israel não se pronunciou sobre as explosões, que aconteceram depois do anúncio sobre a extensão dos seus objetivos na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza para a sua fronteira norte com o Líbano.

A meta é permitir o retorno das pessoas deslocadas no norte de Israel pelos confrontos na fronteira.

Infiltração do Mossad

As explosões de pagers e walkie-talkies são o “maior golpe desferido contra o movimento pró-Irã” por Israel, afirmou uma fonte próxima ao Hezbollah.

As detonações aconteceram em todo o país, quando os integrantes do Hezbollah que usavam os aparelhos estavam em casa, fazendo compras ou acompanhando um funeral.

O ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, afirmou que o “centro de gravidade” da guerra está se deslocando “para o norte”, onde as trocas de tiros quase diárias entre o Exército e o Hezbollah provocaram o deslocamento de dezenas de milhares de pessoas dos dois lados da fronteira.

Nesta quinta-feira, o Exército de Israel anunciou que bombardeou sete posições do movimento islamista Hezbollah no sul do Líbano, seis “locais com infraestruturas terroristas” e um depósito de armas.

Desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023, o Hezbollah abriu uma frente na fronteira do Líbano com Israel para apoiar os aliados do Hamas.

Charles Lister, analista do Middle East Institute, acredita que o Mossad, o serviço de inteligência externo de Israel, “se infiltrou na cadeia de abastecimento do Hezbollah” para provocar as explosões.

Uma investigação preliminar das autoridades libanesas aponta que “os dispositivos estavam pré-programados para explodir e continham materiais explosivos colocados ao lado da bateria”, informou à AFP uma fonte das forças de segurança.

Na frente diplomática, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, pediu a Israel e ao Hamas “vontade política” para alcançar um acordo de cessar-fogo, após meses de negociações frustradas.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pela incursão letal de comandos do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, que provocou a morte de 1.205 pessoas, em sua maioria civis, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Dos 251 sequestrados durante a incursão, 97 continuam retidos em Gaza, dos quais 33 foram declarados mortos pelo Exército israelense.

Os bombardeios e operações terrestres israelenses destruíram o território palestino e causaram a morte de pelo menos 41.272 palestinos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas, que a ONU considera confiáveis.

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