
Nos últimos meses, gestores estavam mais voltados para ativos defensivos, mas o cenário está mudando. A queda no prêmio de risco levou a um movimento de maior exposição a ativos considerados mais voláteis. A dúvida entre especialistas é: esse apetite ao risco pode ser sustentado?
A estabilidade fiscal é um dos principais pontos de atenção do mercado. “O apetite ao risco só volta quando há clareza de que a situação fiscal do país está sob controle”, afirmou um Paola Mello, sócia da GTI. Segundo ela, o mercado ainda percebe um descompasso entre juros altos e sinais de desaceleração da economia. Em um cenário normal, taxas elevadas reduziriam o consumo e a inflação, mas a percepção é de que os gastos públicos continuam elevados, pressionando os preços no futuro.
Inflação e desvalorização cambial preocupam investidores
O mercado precifica uma inflação mais alta nos próximos anos, o que pode afetar a atratividade dos ativos de risco. “O governo gasta demais e, quando falta dinheiro, emite moeda. O resultado é a perda de valor do real”, destacou Melo. Essa percepção gera incerteza sobre a sustentabilidade da recuperação econômica.
Além do cenário econômico, fatores políticos influenciam diretamente as decisões dos investidores. “Uma pesquisa recente mostrou queda na popularidade do presidente, o que sugere uma possível alternância de poder em 2026. Isso já traz mais confiança ao mercado”, comentou. Para o investidor, qualquer sinalização de maior responsabilidade fiscal ou candidaturas pró-mercado pode estimular uma reprecificação dos ativos.
Ativos estão baratos e podem atrair investidores
Com a incerteza predominante, algumas ações estão sendo negociadas a níveis historicamente baixos. “Temos empresas mais baratas do que em crises passadas”, destacou Paola Mello. Isso abre uma janela de oportunidade, já que mudanças na percepção podem gerar reações expressivas no mercado.
Eventos passados mostram o impacto de uma reprecificação abrupta do mercado. “No mês em que o impeachment da ex-presidente Dilma ficou evidente, nosso fundo subiu mais de 50%”, revelou. Esse tipo de movimento pode se repetir caso haja um choque positivo na percepção dos investidores sobre o futuro da economia.
Setores defensivos oferecem estabilidade enquanto cenário se define
Para quem deseja manter exposição ao mercado sem correr grandes riscos, setores defensivos continuam sendo uma alternativa. “Empresas de infraestrutura geram caixa e oferecem retornos próximos ao de títulos públicos, permitindo aguardar uma eventual melhora do cenário”, explicou a especialista. Entre os segmentos destacados estão energia elétrica, shopping centers e commodities, que garantem liquidez e previsibilidade aos investidores.
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